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27/Mar/2025

Preços do algodão sustentados no mercado interno

O mercado de algodão em pluma segue com liquidez reduzida, mas com preços sustentados pela valorização do dólar, preocupações climáticas e alta do petróleo. O impasse entre vendedores e compradores quanto a preço e à qualidade dos lotes no spot nacional limita novos acordos, mesmo com leve recuperação das cotações em março. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias e está cotado a R$ 4,22 por libra-peso, acumulando alta de 1,12% no mês. A média parcial de março, de R$ 4,19 por libra-peso está 8,4% acima da paridade de exportação. Houve uma alta entre fevereiro e março, puxada pelo câmbio e pela preocupação com o clima, especialmente fora de Mato Grosso.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 23 de março, 54% das lavouras estavam em floração, 28,5% em formação de maçãs e 17,5% em desenvolvimento vegetativo. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) estima produção de 3,95 milhões de toneladas em 2024/2025, com aumento de 10,3% na área plantada, para 2,145 milhões de hectares. A produtividade, porém, deve recuar 3,2%, para 1.842 quilos por hectare, com destaque para veranicos que afetam parte das lavouras na Bahia e em Goiás. O cenário ainda é de normalidade. Já houve chuva na Bahia esta semana, o que ajuda, mas ainda é cedo para fechar previsões.

Na Bolsa de Nova York, os contratos são sustentados pela valorização do petróleo, que melhora a competitividade da fibra natural frente às sintéticas. Desde o dia 10 de março, a China aplica tarifa de 15% sobre o algodão norte-americano, em retaliação a uma tarifa adicional de 10% imposta pelos Estados Unidos a bens chineses. A disputa comercial voltou ao centro do debate do setor, com impacto direto sobre o consumo global e as exportações. Segundo a Abrapa, o Brasil pode ampliar sua participação no mercado chinês, mas os ganhos tendem a ser limitados. O algodão importado pela China é usado majoritariamente para reexportação de produtos têxteis, e a taxação desses bens pode conter a demanda.

Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), o Brasil embarcou 2,2 milhões de toneladas de pluma entre julho de 2024 e março de 2025. A previsão é de que o volume total na safra atual se aproxime das 2,58 milhões de toneladas exportadas no último ano comercial. A entidade estima que 50% da safra já está vendida. A logística tem funcionado bem, mas o cenário internacional segue de preços contidos e concorrência crescente em mercados como Índia, Egito, Paquistão e Vietnã. A expectativa agora se volta para o relatório de intenção de plantio que será divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na segunda-feira (31/03). O relatório deve movimentar o mercado, mas com impacto limitado.

Mesmo que venha uma redução de área, a produção nos Estados Unidos tende a ficar próxima do alcançado no ciclo anterior. Não deve haver grande reprecificação a partir disso. No mercado doméstico, o setor têxtil cresceu 4,8% em 2024, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), mas as importações subiram 20%, o que pressiona a indústria. A previsão para 2025 é de crescimento mais modesto, com 2% na produção e até 1% na confecção. Ainda assim, o consumo de algodão no País pode crescer até 20 mil toneladas, caso os preços relativos não voltem a favorecer os sintéticos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.