01/Apr/2025
Segundo relatório trimestral do Rabobank, divulgado nesta segunda-feira (31/03), o Brasil ampliou as exportações de algodão nos últimos meses, mas a retração da China como compradora e o excesso de oferta global mantêm os preços da pluma sob pressão. Nos sete meses mais recentes, os embarques brasileiros somaram 1,9 milhão de toneladas, alta de 17% ante igual período anterior, apoiados na safra recorde de 2023/2024 e na desvalorização cambial do último trimestre de 2024. A desvalorização cambial durante o último trimestre de 2024 favoreceu a competitividade do algodão brasileiro frente aos seus principais concorrentes, impulsionando as exportações nos dois primeiros meses de 2025. O fluxo comercial, porém, mudou de rota.
Enquanto as compras da China recuaram 59% no período, mercados como Vietnã, Bangladesh, Turquia e Indonésia elevaram suas aquisições em 83% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior. A China, que representa em média 35% das exportações da pluma brasileira, perdeu participação relativa. No mercado doméstico, os preços recuaram 2% nos últimos 12 meses. Na Bolsa de Nova York, a queda foi de 31% no mesmo período. A diferença é explicada pela demanda consistente por algodão brasileiro, pelo câmbio e por fatores geopolíticos. Para o próximo ciclo, a projeção é de aumento de 5% na área plantada com algodão no Brasil, pelo quarto ano consecutivo. Nos Estados Unidos, as estimativas iniciais apontam queda entre 10% e 15% na área plantada. Se confirmada esta redução, a área destinada à cotonicultura será de 3,9 milhões de hectares para a temporada 2025/2026.
Apesar da perspectiva de nova safra elevada no Brasil, o potencial produtivo pode ser limitado em algumas regiões. O atraso no plantio e o clima quente e seco podem limitar o potencial produtivo, especialmente na Bahia, Estado responsável por 20% da produção de algodão no Brasil. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta aumento de 6% nos estoques globais até o fim do ciclo 2024/2025, o maior volume dos últimos quatro anos. Esse cenário, aliado à possível contração da demanda mundial, poderá resultar em um cenário baixista para as cotações da pluma. Outro fator de risco é a queda nos preços do petróleo. Nos últimos 12 meses, os preços do petróleo Brent caíram cerca de 15%. Este declínio tem aumentado a competitividade da fibra sintética em relação à fibra natural. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.