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03/Apr/2025

Preços do algodão seguem sustentados no Brasil

O mercado internacional de algodão começa abril atento ao impacto da menor intenção de plantio nos Estados Unidos e aos desdobramentos da guerra tarifária com a China. No entanto, a combinação entre excesso de oferta global e consumo ainda contido deve manter os preços com perspectiva de alta limitada no curto prazo. O corte na área norte-americana dá algum suporte para as cotações na Bolsa de Nova York, mas não é suficiente para levar o mercado a outro patamar. O consumo mundial ainda não reagiu como precisa. Dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostram que os produtores norte-americanos pretendem cultivar 4,01 milhões de hectares na safra 2025/2026, a menor área desde 2016. A projeção representa uma queda de 11,76% frente ao ciclo anterior e confirma a perda de competitividade da fibra no país. segundo a Federação Agrícola Americana, o algodão tem enfrentado rentabilidade baixa há vários anos e é muito exposto às tarifas internacionais, já que a maior parte da produção é voltada para exportação.

O impacto do relatório de área do USDA foi imediato, mas deve se dissipar nas próximas semanas. Se a cotação subir, não será muito acima dos 70,00 centavos de dólar por libra-peso. O mercado vai precisar ver uma reativação mais consistente do consumo mundial para romper essa faixa. A situação da demanda foi destacada pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), que projeta um consumo de 25,53 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, alta de 2,28% frente ao ciclo anterior, mas ainda insuficiente para reduzir os estoques, estimados em 19,2 milhões de toneladas. No Brasil, o mercado continua sustentado pela firmeza dos vendedores e pela menor disponibilidade de lotes de alta qualidade. A comercialização está concentrada em contratos a termo, enquanto no spot as negociações ocorrem apenas em ocasiões pontuais, muitas vezes travadas por divergências sobre preço ou qualidade. Apesar da safra cheia e do fluxo firme de exportações, a fibra de qualidade boa está mais escassa, e isso gera prêmio no mercado interno.

A safra brasileira 2024/2025 foi estimada pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) em 3,95 milhões de toneladas de pluma, com aumento de 10,3% na área plantada. A estimativa supera os 3,7 milhões de toneladas previstos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e reforça o protagonismo do Brasil como principal exportador global. De julho de 2024 a março de 2025, o País já embarcou 2,2 milhões de toneladas, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). Do lado da demanda, a guerra comercial entre Estados Unidos e China voltou a pesar sobre os fluxos globais. Desde 10 de março, a China aplica tarifa de 15% sobre o algodão norte-americano, em retaliação às novas sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos. A medida gerou cancelamentos de vendas e pode redirecionar a demanda chinesa para o Brasil, mas o impacto tende a ser moderado. A China já compra a maior parte do algodão do Brasil, então, esse redirecionamento marginal melhora um pouco o basis brasileiro, mas não é como em 2019, quando houve uma mudança brusca nas origens.

No campo, o clima é ponto de atenção. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) alertou para estiagens localizadas em estados como Bahia e Goiás, embora ainda não haja prejuízos generalizados. Tudo está dentro da normalidade até o momento, mas é preciso manter cautela nas projeções, pois ainda é cedo. A indústria têxtil brasileira, por sua vez, projeta crescimento mais lento neste ano. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o consumo de algodão pode subir em até 20 mil toneladas em 2025, frente às 750 mil toneladas consumidas no ano passado. Mas o crescimento depende da evolução da renda e do câmbio. O consumidor está espremido, e a concorrência com produtos importados segue elevada. No mercado doméstico, o Indicador Cepea/Esalq do algodão em pluma, com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 4,24 por libra-peso. Em março, a média mensal foi de R$ 4,21 por libra-peso, a maior desde abril de 2023. A cotação está 8,4% acima da paridade de exportação. O caroço de algodão também se valorizou: em Campo Novo do Parecis (MT), alcançou R$ 1.305,20 por tonelada, maior valor real desde julho de 2022. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.