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08/Apr/2025

Forte queda de preços globais e internos do algodão

1. Contexto Global e Crise na Demanda

O mercado global de algodão atravessa uma fase de turbulência marcada por forte queda nos preços, os menores desde 2020. Essa baixa foi impulsionada, principalmente, pela desaceleração da demanda chinesa por algodão dos Estados Unidos – reflexo direto da intensificação da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. A recente imposição de tarifas chinesas de 15% sobre produtos agrícolas norte-americanos, incluindo o algodão, respondeu às sanções e tarifas adicionais impostas pelos EUA. Essa escalada aumentou significativamente a tensão nas relações comerciais bilaterais e provocou mudanças importantes na cadeia de fornecimento global.

2. Redirecionamento da China e Impacto nos EUA

Historicamente, a China era o maior comprador de algodão dos EUA. No entanto, devido às tarifas e às sanções ocidentais sobre o algodão de Xinjiang, o país asiático vem reduzindo sua dependência do produto norte-americano. A estimativa é que, na safra 2024/25, as importações chinesas de algodão dos EUA caiam para menos da metade dos volumes habituais. Mesmo com uma previsão de recuperação de 3,3% na produção global de algodão, impulsionada pelo aumento da produção nos EUA, a competitividade do algodão americano está comprometida. Os preços mais baixos e as barreiras comerciais restringem sua participação no mercado internacional.

3. Ascensão do Brasil no Comércio Global

Neste novo cenário, o Brasil desponta como protagonista. O país superou os EUA e assumiu a liderança como o maior exportador de algodão do mundo. A produção brasileira para a safra 2024/25 é estimada em 3,82 milhões de toneladas de algodão em caroço — um crescimento de 5,4% em relação ao ciclo anterior. O avanço é atribuído à expansão da área plantada, principalmente no estado do Mato Grosso, o maior produtor nacional. As exportações brasileiras permanecem sólidas, com previsão de 2,8 milhões de toneladas embarcadas na próxima temporada. O algodão brasileiro e o indiano têm mantido preços spot estáveis, ao contrário dos futuros dos EUA, que chegaram a cair para 63 centavos por libra em março de 2025, antes de se estabilizar em 67 centavos.

4. Implicações Estratégicas e Tendências

A atual reconfiguração do comércio global de algodão oferece oportunidades significativas ao Brasil, que está consolidando sua posição com investimentos contínuos em produtividade e sustentabilidade. Por outro lado, os produtores norte-americanos enfrentam um cenário desafiador, com queda na demanda chinesa e maior concorrência de países como Brasil e Austrália.

5. Conclusão e Perspectivas

• Para o Brasil: o país deve seguir investindo em tecnologia e práticas sustentáveis para consolidar sua liderança global no setor.

• Para os EUA: é necessário reavaliar estratégias comerciais e buscar novos mercados para compensar a perda da demanda chinesa.

• Para o mercado global: a instabilidade geopolítica continuará influenciando os fluxos de comércio e a formação de preços no setor agrícola.

O redesenho das cadeias de suprimento, impulsionado por tensões comerciais, está redefinindo o papel de cada país no agronegócio global — com o Brasil se destacando como novo protagonista no algodão.

Fonte: Cogo Inteligência em Agronegócio.