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17/Apr/2025

Preço do algodão segue firme no mercado interno

O mercado de algodão segue sustentado no Brasil diante da postura cautelosa dos vendedores e da oferta limitada no período de entressafra. A média parcial de abril do Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, está em R$ 4,22 por libra-peso, valor 6,7% acima da paridade de exportação e o mais alto, em termos nominais, desde março de 2024. Na terça-feira (15/04), o Indicador fechou a R$ 4,27 por libra-peso, refletindo o menor volume disponível da safra 2023/2024 e o firme posicionamento dos produtores, que priorizam a entrega de contratos a termo. Segundo a StoneX, os embarques recordes de janeiro (com 415 mil toneladas exportadas) e os bons preços fixados no início do ano contribuíram para o atual cenário de estoques enxutos no País. O produtor tem menos algodão em mãos e boa margem já fechada no início do ano, então segura os lotes. O comportamento defensivo tende a continuar até a entrada da nova safra, prevista para o segundo semestre. No mercado interno, os compradores seguem retraídos, atuando apenas para recomposição pontual de estoques, especialmente para lotes de melhor qualidade.

Algumas indústrias têm oferecido preços mais altos, mas encontram dificuldade para adquirir produtos com os padrões exigidos. Negociações antecipadas das safras 2024/2025 e 2025/2026 também ocorrem, mas em volumes limitados. No exterior, a Bolsa de Nova York encerrou a semana passada em queda, com o contrato maio/2025 recuando 2,88%, a 64,09 centavos de dólar por libra-peso. A pressão veio do recuo das exportações norte-americanas, do aumento dos estoques e da queda do petróleo, que torna a fibra sintética mais competitiva. Nesta quarta-feira (16/04) os contratos voltaram a subir, com apoio da valorização do petróleo e na queda do índice DXY, que mede a força do dólar. Há fundamentos adicionais pressionando o mercado internacional. Dados do CFTC (Commodity Futures Trading Commission) indicam muitos produtores dos Estados Unidos com algodão já vendido e poucas fiações atuando na ponta compradora, o que sugere ampla disponibilidade da fibra. A perspectiva do mercado é de que não vai faltar algodão. A produção deve continuar elevada, e mesmo com menor área, pode haver aumento da colheita se a taxa de abandono for menor.

O produtor norte-americano já vem enfrentando margens apertadas há anos e agora sofre com o avanço do algodão brasileiro nos mercados asiáticos. O ambiente internacional continua pressionado por um excedente estrutural de oferta nos Estados Unidos. O algodão é muito vulnerável a guerras tarifárias porque boa parte da produção norte-americana depende da exportação. E essa exportação tem sido prejudicada pelas tensões com a China. A escalada nas tarifas entre Estados Unidos e China limita a demanda por pluma norte-americana, que já tem os maiores estoques em 15 anos. Mesmo que a área plantada caia, como o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) já sinalizou, o volume colhido pode aumentar se houver menor abandono. O mercado entende que não vai faltar algodão, e isso limita as cotações. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção global de algodão na safra 2024/2025 está estimada em 26,32 milhões de toneladas, alta de 7% sobre a temporada anterior.

O consumo foi revisado para 25,261 milhões de toneladas, mantendo a oferta global acima da demanda. Os estoques finais devem alcançar 17,17 milhões de toneladas, maior volume desde 2019/2020, exceto o período da pandemia. Nos Estados Unidos, os estoques devem atingir 1,089 milhão de toneladas, maior nível em 15 anos. No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta safra recorde de 3,89 milhões de toneladas de pluma em 2024/2025. A área plantada é de 2,079 milhões de hectares. A Bahia deve registrar aumento de 17,9% na área cultivada e de 15,8% na produção. Em Mato Grosso, a colheita pode chegar a 2,696 milhões de toneladas. O consumo doméstico passou de 710 mil para 770 mil toneladas, mas o desempenho dependerá do cenário econômico. O mercado de caroço de algodão segue lento, com oferta escassa e vendedores resistentes a reduzir preços. Esse comportamento também sustenta os valores dos derivados, como farelo e torta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.