05/Jun/2025
O mercado de algodão apresenta sinais contraditórios, com as cotações internas sustentando patamares elevados enquanto os preços externos recuam em meio à baixa liquidez e pessimismo macroeconômico. No Brasil, a firmeza dos vendedores com lotes remanescentes contrasta com a resistência das fiações em fechar grandes negócios, cenário que limita o volume de negociações às vésperas do início da colheita da safra recorde 2024/2925. O Indicador Cepea Esalq/USP, com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 4,40 por libra-peso, mantendo perda modesta de 0,36% na parcial de junho. As elevações foram influenciadas pela posição firme de vendedores que ainda possuem lotes de pluma, especialmente de qualidade superior. O valor representa o quarto mês consecutivo de alta, com a média de maio em R$ 4,39 por libra-peso sendo a maior desde março de 2023. A vantagem sobre a paridade de exportação atingiu 14%, a maior diferença desde fevereiro de 2023.
Segundo a StoneX, o cenário internacional é marcado pela estagnação. A tendência de queda que já vem de alguns meses. Há muito vendedor ativo no mercado. Os compradores seguiram adquirindo de forma pontual, atentos ao desempenho das vendas do varejo, com parte das empresas indicando ter dificuldades na aprovação de lotes e/ou no acordo quanto aos preços, contexto que limitou as negociações. As pressões macroeconômicas amplificam as incertezas. O Federal Reserve (banco central norte-americano) decidiu prolongar o ciclo de juros altos, com cortes esperados apenas para o segundo semestre, enquanto a China, principal motor do consumo global da cultura, não apresenta sinais de recuperação. O setor industrial chinês é o que realmente puxa o consumo global de algodão, e não tem crescido nos últimos tempos.
Na Bolsa de Nova York, os contratos futuros encerraram em baixa nesta quarta-feira (04/06), pressionados pelo enfraquecimento do petróleo, que melhora a competitividade das fibras sintéticas. O vencimento julho recuou 106 pontos (1,60%), e fechou a 64,99 centavos de dólar por libra-peso. Preocupações relacionadas às tarifas norte-americanas também pesaram sobre os contratos, com a Cotlook alertando que compradores na maioria dos mercados permaneceram relutantes em se comprometer com novos negócios além das compras pontuais para cobrir necessidades imediatas. A oferta global deve pressionar ainda mais os preços nos próximos meses. O Brasil inicia em junho a colheita de uma safra recorde, estimada em 3,9 milhões de toneladas, enquanto os Estados Unidos apresentam boas perspectivas de plantio e clima favorável nas regiões produtoras. A colheita de algodão começa agora, geralmente no mês de junho em Mato Grosso.
Essa colheita vai tomar tração e adicionar mais oferta no mercado. Dados do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) divulgados no início de junho apontam para produção mundial de 26,031 milhões de toneladas na safra 2025/2026, apenas 0,11% menor que a temporada anterior. O consumo deve alcançar 25,693 milhões de toneladas, elevação de 0,56%, mas ainda 1,3% abaixo da oferta. O estoque mundial é projetado em 17,785 milhões de toneladas, crescimento de 1,69%. Para a temporada 2025/2026, o Icac projeta preços entre 59,00 e 95,00 centavos de dólar por libra-peso, com média de 73,00 centavos de dólar por libra-peso, podendo ficar 10% inferior à safra atual. No mercado de subprodutos, o caroço de algodão mantém trajetória de alta pela baixa disponibilidade e posição firme dos vendedores. Em maio, a média em Campo Novo do Parecis (MT) foi de R$ 1.717,46 por tonelada, crescimento de 159,8% em relação ao mesmo período do ano passado. Em Lucas do Rio Verde (MT), o avanço anual chegou a 222,6%, para R$ 1.702,74 por tonelada. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.