03/Jul/2025
O mercado de algodão encerrou o primeiro semestre pressionado, com queda acentuada dos preços domésticos em junho. A combinação entre flexibilidade de venda, retração do dólar e menor paridade de exportação limitou a sustentação interna, enquanto o cenário externo começa a mostrar sinais de firmeza com o avanço do petróleo. A pressão veio tanto de compradores quanto da maior flexibilidade dos vendedores. Com a desvalorização do dólar em junho e a queda na paridade de exportação, o mercado interno perdeu parte da sua sustentação. Mesmo com essa correção, o algodão brasileiro mantém competitividade no exterior. O Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com pagamento em 8 dias, caiu 6,16% em junho, encerrando o mês a R$ 4,14 por libra-peso.
No dia 1º de julho, o indicador teve nova queda, fechando a R$ 4,11 por libra-peso, o menor valor nominal desde fevereiro. A média mensal ficou em R$ 4,29 por libra-peso, 2,4% inferior à de maio, mas ainda 9,1% acima da média de junho de 2024, em termos nominais. Com a valorização do Real, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), que considera o preço da mercadoria ao lado do navio no porto, recuou 2,7% no período. No fim de junho, os preços ficaram em R$ 3,75 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e em R$ 3,76 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR). Mesmo assim, o preço médio do algodão brasileiro em dólar (77,12 centavos de dólar por libra-peso) ainda superou o do contrato mais próximo da Bolsa de Nova York em 17,5%, e ficou apenas 1,3% abaixo do índice Cotlook A (78,14 centavos de dólar por libra-peso).
Na Bolsa de Nova York, os contratos futuros fecharam em alta nesta quarta-feira (02/07), apoiados pela valorização do petróleo. O movimento tende a beneficiar o algodão ao tornar as fibras sintéticas, derivadas de petróleo, menos competitivas. O contrato para dezembro subiu 60 pontos (0,88%), para 68,63 centavos de dólar por libra-peso. No acumulado de junho, os ganhos dos contratos foram limitados: o vencimento julho subiu 1,88%, e o dezembro avançou 0,56%. Os números mais recentes do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) divulgados em 1º de julho, estimam a produção global da safra 2025/2026 em 25,899 milhões de toneladas, leve alta de 0,15% frente ao ciclo anterior, mas com corte de 0,51% na comparação com a projeção de junho.
A área plantada mundial foi estimada em 31,3 milhões de hectares, com produtividade média de 827 quilos por hectare. O consumo global deve atingir 25,566 milhões de toneladas, retração de 0,07% sobre a safra 2024/2025. A oferta superior à demanda deve gerar excedente de 1,3%, elevando os estoques finais a 16,294 milhões de toneladas, 1,58% acima da temporada atual. Os números confirmam que persistirá o excesso de oferta global, o que mantém os preços pressionados. A faixa de preços projetada para 2025/2026, entre 55,00 e 94,00 centavos de dólar por libra-peso, com média de 72,00 centavos de dólar por libra-peso mostra um cenário de estabilidade, mas sem grandes recuperações. O avanço da colheita em Mato Grosso deve ampliar a oferta no mercado físico nos próximos dias, o que tende a manter a pressão sobre os preços internos. Já se observa a entrada gradual da safra 2024/2025 na Região Centro-Oeste. Isso limita qualquer reação no curto prazo e aumenta a necessidade de escoamento via exportação.
No mercado de derivados, o caroço de algodão continua em queda. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média de junho foi de R$ 1.530,27 por tonelada, baixa de 10,9% sobre maio. Em São Paulo, a queda mensal foi de 6,7%, com média de R$ 1.796,04 por tonelada. Ainda assim, os valores permanecem muito acima dos observados em junho do ano passado, com alta anual de 44,7% em São Paulo, 117,6% em Primavera do Leste (MT) e até 152,2% em Lucas do Rio Verde (MT). Para o segundo semestre, a tendência é de consolidação de preços em faixa estreita, com suporte limitado. A flexibilidade maior dos vendedores pode acelerar as negociações no segundo semestre, mas os fundamentos globais não sugerem uma recuperação dos preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.