04/Jul/2025
Segundo a StoneX, os preços internacionais do algodão seguem pressionados, com fundamentos enfraquecidos e um cenário global de demanda incerta. O mercado da pluma permanece com margens estreitas, oscilando entre 65,00 e 70,00 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York, refletindo a atuação vendedora dos fundos e os estoques elevados nos principais países produtores. O movimento reflete fundamentos pouco reveladores e um elevado grau de incerteza presente em diversos mercados. Desde abril de 2024, os fundos especulativos mantêm posições líquidas vendidas, o que contribui para manter os preços futuros sob pressão. O sentimento baixista se justifica, em parte, pelo nível dos estoques globais, que devem encerrar a safra 2024/2025 em 19,3 milhões de toneladas, alta de 4,3% sobre o ciclo anterior, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Nos Estados Unidos, relatório do USDA publicado no fim de junho apontou para uma redução de 8,7% na área plantada para a safra 2025/2026, que deve totalizar 4,1 milhões de hectares. Mesmo assim, a produtividade esperada e o abandono estão dentro da média histórica. Se confirmada, a produção pode atingir 3,05 milhões de toneladas, mantendo o país como grande fornecedor, o que deve sustentar estoques elevados e dificultar qualquer reação dos preços na Bolsa de Nova York. A China, maior importadora global de algodão, comprou menos nos últimos 12 meses e continua com estoques robustos. A disposição importadora da China, para além da disponibilidade de pluma nos mercados exportadores, dependerá da oferta de algodão no país.
O índice NDVI aponta que o clima em Xinjiang tem favorecido o desenvolvimento vegetativo das lavouras, o que pode ampliar a produção doméstica e reduzir a necessidade de importações. O Brasil colheu safra recorde de 3,67 milhões de toneladas em 2024 e já inicia nova colheita estimada em 3,85 milhões de toneladas. Apesar do volume, os embarques mostram desaceleração. Observa-se uma queda significativa nas vendas externas, com os embarques devendo se manter mais fracos até a entrada da nova safra no mercado, entre o meio e o final do segundo semestre deste ano. Outros importadores importantes, como Bangladesh, Vietnã e Paquistão, enfrentam fatores domésticos adversos que também pesam sobre a demanda. Bangladesh vive crise política e cambial persistente; o Vietnã foi afetado por fortes chuvas; e o Paquistão por tensões com a Índia.
Todas essas questões convergem com uma demanda por algodão que se mostra menos ativa, gerando uma perspectiva mais incerta sobre o mercado importador da pluma nos próximos meses. Chama atenção o ambiente macroeconômico. Juros mais altos tendem a penalizar o algodão, que, por ser matéria-prima de bens de consumo discricionário, tende a ter uma demanda mais correlacionada ao crescimento econômico. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mantém postura cautelosa, e os debates sobre tarifas nos Estados Unidos aumentam a incerteza, dificultando reações altistas sustentáveis no mercado da pluma. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.