10/Jul/2025
O mercado de algodão enfrenta pressão dupla no início de julho: o clima adverso no Brasil atrasa a colheita e compromete a qualidade da safra 2024/2025, ao mesmo tempo em que o bom desenvolvimento das lavouras norte-americanas pressiona as cotações internacionais. Com apenas 7,3% da área nacional colhida até o dia 5 de julho, bem abaixo da média histórica de 12%, produtores enfrentam dificuldades para manter cronograma e padrão de qualidade. O Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), com pagamento em 8 dias, acumula queda de 1,63% na parcial de julho. A média parcial do mês está em R$ 4,11 por libra-peso, a menor desde novembro de 2024, em termos nominais. Nos últimos sete dias, especificamente, o indicador caiu 0,43%.
O clima frio e as chuvas fora de época em diversas regiões produtoras não apenas atrasam as atividades de campo como podem trazer efeitos negativos sobre a qualidade do produto. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirma que a colheita está significativamente atrasada em relação aos últimos cinco anos. os vendedores seguem interessados em liquidar lotes remanescentes da temporada 2023/2024 e cumprir contratos a termo, enquanto os compradores buscam novos lotes, mas enfrentam dificuldades para acordar preços e qualidade. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que 52% da safra norte-americana estava em condição boa ou excelente no dia 6 de julho, alta de 1% ante a semana anterior. Um ano antes, essa proporção era de 45%. Além disso, 48% da safra havia florescido, contra 51% no ano passado.
Nos últimos sete dias, os contratos na Bolsa de Nova York cederam terreno: o julho caiu 1,35%, o outubro recuou 1,32% e o dezembro teve retração de 0,35%. O movimento foi influenciado por incertezas sobre a demanda chinesa pela pluma norte-americana e pelo desenvolvimento favorável das lavouras dos Estados Unidos. A paridade de exportação brasileira na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,76 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,77 por libra-peso no Porto de Paranaguá. Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram estabilidade na atividade industrial têxtil. Entre abril e maio, a fabricação de produtos têxteis manteve-se estável (0%), mas registrou alta de 11,9% na comparação anual.
O setor de confecção de artigos do vestuário e acessórios teve baixa de 1,7% no mês, mas crescimento de 2,9% no ano. Destaque para a tecelagem, exceto vestuário, que apresentou crescimento acentuado de 32,2% entre maio de 2024 e maio de 2025. Segundo análise do Rabobank, o Brasil deve se consolidar como o maior exportador mundial de algodão pelo segundo ano consecutivo. As exportações brasileiras entre agosto de 2024 e maio de 2025 alcançaram aproximadamente 2,6 milhões de toneladas, crescimento de 9%. A forte demanda externa, os consecutivos aumentos da área e da produção brasileira, assim como a competitividade da fibra brasileira, são os principais pilares dessa liderança. A produção nacional da safra 2024/2025 deve atingir aproximadamente 3,9 milhões de toneladas de pluma, acréscimo de 6% ante o ciclo anterior, com área plantada também 6% maior.
Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), 63% da safra já foi comercializada, 3% acima do mesmo período do ano passado, mas ainda 8% abaixo da média dos últimos cinco anos. No mercado de derivados, as negociações de caroço de algodão seguem pontuais, com oferta restrita no spot. Alguns players preferem contratos envolvendo o caroço da safra nova 2024/2025, aguardando maior volume no mercado físico. Nos Estados Unidos, o USDA divulgou redução de 10% na área plantada de algodão para 2025/2026, totalizando 4,1 milhões de hectares, impactada por preços menos atrativos.
Com essa retração e leve queda na produtividade, a produção norte-americana deve cair 3% na próxima temporada. Globalmente, a produção total deve recuar levemente em 2025/2026, com destaque para reduções esperadas na Índia e no Paquistão, enquanto o consumo deve crescer marginalmente, impulsionado pelos preços do petróleo que favorecem fibras naturais. Uma recuperação significativa nos preços internacionais não é esperada no curto prazo, apesar da leve redução nos estoques globais. O mercado ainda enfrenta incertezas e volatilidade. Um fator que poderia contribuir para patamares maiores seria algum problema climático na safra norte-americana ou impacto positivo das cotações de petróleo por questões geopolíticas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.