30/Oct/2025
O mercado brasileiro de algodão segue pressionado pela oferta recorde e pela lentidão nas vendas externas, com preços no menor nível nominal desde outubro de 2020. A expectativa de maior oferta de algodão em pluma, o avanço no beneficiamento da safra 2024/2025 e a pressão exercida por compradores seguem resultando em quedas nos preços de negociação no Brasil. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias acumula baixa de 4,78% no mês. Na segunda-feira (27/10), havia recuado 2,83%, para R$ 3,4336 por libra-peso, o menor valor desde outubro de 2020. Em média, os preços internos estão 0,9% abaixo da paridade de exportação. O mercado está bem abastecido, com ampla oferta e consumo limitado. A conclusão da colheita e o aumento do volume beneficiado, somados à demanda interna e externa ainda reticente, pressionam as cotações.
Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que, até 23 de outubro, 62,95% da safra 2024/2025 havia sido beneficiada. Em Mato Grosso, o índice era de 55,43%, e, na Bahia, de 84%. Muitos agentes permanecem afastados do mercado spot, aguardando condições mais favoráveis e cumprindo apenas contratos a termo. Vendedores com necessidade de capitalização e/ou de liquidar lotes acabam sendo mais flexíveis nos valores, enquanto alguns compradores ofertam cotações ainda menores. A oferta brasileira ultrapassou 4 milhões de toneladas de pluma, com Mato Grosso e Bahia concentrando mais de 90% da produção. O Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) registrou aumento de 6% na área e de 15% na produção em relação à temporada anterior, para cerca de 3 milhões de toneladas.
Na Bahia, a Abrapa estimou alta de 19% na área e de 14% na produção. A comercialização segue lenta. A Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM) informou que, até o dia 28 de outubro, 1,06 milhão de toneladas da safra 2024/2025 haviam sido negociadas, o equivalente a 26% da produção nacional estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a safra 2025/2026, foram vendidas 508,5 mil toneladas, cerca de 13% do total projetado. Em Mato Grosso, 69,97% da safra atual foi comercializada, abaixo da média das últimas cinco safras (80,75%). O mercado físico segue sob influência da liquidez restrita, e as exportações, apesar de projetadas em recorde superior a 3 milhões de toneladas, ainda não ganharam ritmo. Os estoques iniciais elevados e a grande produção devem manter os estoques de passagem altos também em 2025/2026.
No exterior, os preços permanecem contidos. A valorização do petróleo tende a favorecer as fibras naturais frente às sintéticas. A paridade de exportação (FAS) é de R$ 3,51 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,52 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR). Para 2025/2026, a Abrapa projeta queda de 3% na área plantada, para 2 milhões de hectares, reflexo da redução de preços e do aumento dos custos. A Conab, porém, estima alta de 2,5%, para 2,1 milhões de hectares, mas com menor produtividade, o que resultaria em produção próxima a 4 milhões de toneladas. No cenário global, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê desaceleração do crescimento econômico mundial para 2,9% em 2026, ante 3,2% em 2025. Para a China, a estimativa passou de 5% em 2024 para 4,4% em 2026. Um crescimento econômico mais comedido pode trazer impactos ao consumo de têxteis, com reflexos para o algodão. Apenas um avanço efetivo nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos poderia alterar a dinâmica atual de preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.