05/Nov/2025
Em movimento de queda desde junho deste ano, os preços médios do algodão em pluma no Brasil registraram em outubro o menor patamar mensal desde outubro de 2009, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI). A desvalorização da pluma é resultado da oferta nacional recorde, dos consumos doméstico e internacional contidos e dos menores patamares dos valores externos e do dólar, fatores estes que reduzem a paridade de exportação. Nesse cenário, as negociações no mercado spot nacional ocorrem de forma pontual: ora para atender a necessidades imediatas ou para repor estoques, ora para permitir que alguns vendedores se capitalizem. Comerciantes, por sua vez, buscam novas aquisições visando cumprir programações previamente firmadas e, em alguns casos, realizam negócios “casados”, diante da maior aversão ao risco no momento. Parte dos agentes permanece concentrada no cumprimento de contratos a termo, mantendo-se retraída de novas negociações.
Os produtores também têm direcionado a atenção às atividades de campo relacionadas ao plantio da nova temporada de grãos. Ainda assim, ao longo de outubro, houve boa movimentação de negócios envolvendo a pluma da safra 2024/2025 e da temporada seguinte, a 2025/2026. Em outubro, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, acumulou baixa de 4,63%, ficando, em média, 1,2% abaixo da paridade de exportação. Após registrar o menor patamar nominal desde meados de outubro/2020, o Indicador apresenta alta de 1,74% nos últimos sete dias, a R$ 3,49 por libra-peso. A média de outubro foi de R$ 3,51 por libra-peso, com quedas de 5,16% em relação a setembro/2025 e de 12,7% sobre outubro/2024 e a menor real desde outubro/2009 (R$ 3,46 por libra-peso - IGP-DI de setembro/2025). Em dólar, a média mensal doméstica foi de 65,08 centavos de dólar por libra-peso, valor 2% acima do primeiro vencimento da Bolsa de Nova York (63,80 centavos de dólar por libra-peso), mas 14,4% inferior ao Índice Cotlook A (76,00 centavos de dólar por libra-peso).
Entre 30 de setembro e 31 de outubro, a paridade de exportação (FAS) subiu 0,7%, alcançando R$ 3,61 por libra-peso (67,14 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e R$ 3,62 por libra-peso (67,34 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR). A sustentação veio da valorização de 1,07% do dólar frente ao Real no período. O Índice Cotlook A recuou 0,39% em outubro, para 77,40 centavos de dólar por libra-peso no dia 31. Na Bolsa de Nova York, de 30 de setembro a 31 de outubro, o vencimento Dezembro/2025 caiu 0,35% para 65,54 centavos de dólar por libra-peso; Março/2026, 1,24%, para 66,73 centavos de dólar por libra-peso; Maio/2026, 1,39%, para 67,90 centavos de dólar por libra-peso; e Julho/2026, 1,26%, para 69,02 centavos de dólar por libra-peso. O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estima a área mundial cultivada em 2025/2026 em 30,42 milhões de hectares, redução de 0,64% frente à safra passada. A produtividade, por outro lado, deve aumentar 0,68% em relação à safra anterior, para 835,13 Kg por hectare, resultando em produção global de 25,4 milhões de toneladas (+0,03% sobre a 2024/2025).
O consumo mundial é projetado em 25,01 milhões de toneladas, com reajuste negativo de 1,52% de um mês para o outro e redução de 0,39% em relação à safra anterior. As exportações estão previstas em 9,7 milhões de toneladas (+6,71% frente à safra anterior) e os estoques finais, em 16,23 milhões de toneladas, sendo este volume 5,52% acima do estimado no mês anterior e 2,48% superior ao da safra 2024/2025. No Brasil, para a temporada 2025/2026, a área cultivada é prevista para aumentar 11,46% em relação à anterior, o que compensa a redução de 4,92% da produtividade e pode elevar a produção para 3,921 milhões de toneladas (+5,97% sobre safra 2024/2025). As exportações devem somar 3,045 milhões de toneladas (+8,75% de uma temporada para a outra), com o consumo nacional próximo da estabilidade (752 mil toneladas na safra 2025/2026), e os estoques finais podem atingir 1,18 milhão de toneladas, aumentos de 7,1% em relação aos dados do mês anterior e de 12% frente à safra anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.