06/Nov/2025
Os preços no mercado brasileiro de algodão atingiram em outubro o menor patamar mensal desde 2009, em termos reais, pressionados pela oferta nacional recorde, consumo doméstico e internacional contido e menores valores no mercado externo. A desvalorização da pluma também reflete a redução da paridade de exportação, influenciada pelos patamares mais baixos do dólar e das cotações internacionais. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, acumula queda de 0,84% na parcial de novembro. A média de outubro foi de R$ 3,51 por libra-peso, com baixa de 5,16% frente a setembro e de 12,7% em relação a outubro de 2024. No mês passado, o indicador acumulou queda de 4,63%, ficando, em média, 1,2% abaixo da paridade de exportação. As negociações no mercado spot nacional ocorrem de forma pontual: ora para atender a necessidades imediatas ou repor estoques, ora para permitir que alguns vendedores se capitalizem.
Os comerciantes buscam novas aquisições para cumprir programações previamente firmadas e, em alguns casos, realizam negócios casados, diante da maior aversão ao risco. Parte dos agentes permanece concentrada no cumprimento de contratos a termo, evitando novas negociações, enquanto produtores direcionam atenção ao plantio da nova temporada de grãos. A pressão sobre os preços domésticos tende a se intensificar com a entrada da safra norte-americana. A StoneX afirmou que a aceleração do beneficiamento nos Estados Unidos, entre o fim de novembro e o início de dezembro, coloca o algodão brasileiro em desvantagem competitiva do ponto de vista de qualidade. Diante disso, os produtores aceleram a comercialização interna, movimento que pressiona ainda mais os preços. Além desse quadro imediato, a StoneX projeta oferta elevada também no próximo ciclo. Para a safra 2025/2026, a consultoria estima produção nacional de 3,73 milhões de toneladas de pluma, após revisão positiva na área plantada.
O levantamento indica redução de cerca de 90 mil hectares em Mato Grosso, queda aproximada de 6% frente ao ciclo anterior, enquanto a Bahia deve manter a área em níveis semelhantes aos da última temporada. A expectativa é de demanda doméstica firme, sustentada por menores custos de matérias-primas e maior competitividade das indústrias têxteis nacionais. Para a safra 2024/2025, já colhida, a StoneX elevou a estimativa para 4,15 milhões de toneladas, reflexo de produtividade acima do previsto em Mato Grosso e na Bahia. As exportações devem seguir em torno de 3 milhões de toneladas em cada uma das duas safras. Em dólar, a média doméstica de outubro foi de 65,08 centavos de dólar por libra-peso, valor 2% acima do primeiro vencimento da Bolsa de Nova York, mas 14,4% inferior ao Índice Cotlook A. Entre 30 de setembro e 31 de outubro, a paridade de exportação subiu 0,7%, alcançando R$ 3,61 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e R$ 3,62 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), movimento apoiado na valorização do dólar frente ao real no período. O Índice Cotlook A recuou 0,39% em outubro, para 77,40 centavos de dólar por libra-peso.
O cenário internacional permanece marcado por fundos especulativos vendidos e pela relutância do produtor norte-americano em fixar preços. Entre agosto e setembro, a China importou cerca de 800 toneladas de algodão norte-americano, ou seja, nada. A China está completamente ausente do mercado norte-americano. O que tem ‘salvado’ é o Vietnã, mas outros países, como o Paquistão e Bangladesh estão comprando algodão brasileiro. Mesmo a Índia, após eliminar tarifas de importação de algodão estrangeiro, não ampliou compras da fibra norte-americana. O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) projeta a produção mundial de 2025/2026 em 25,4 milhões de toneladas, com consumo estimado em 25,01 milhões de toneladas. No Brasil, para a mesma temporada, a produção pode chegar a 3,921 milhões de toneladas, com exportações previstas de 3,045 milhões de toneladas e estoques finais ao redor de 1,18 milhão de toneladas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.