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24/Nov/2025

Preços deverão se manter pressionados em 2026

O mercado brasileiro de algodão registra leve recuperação dos preços nesta semana, sustentado pelo ritmo acelerado das exportações e pela posição firme dos vendedores. No entanto, a perspectiva de estoques recordes na safra 2024/2025, estimados em cerca de 3 milhões de toneladas, deve manter a pressão sobre os preços da pluma ao longo de 2026, com risco adicional de deterioração do basis caso a demanda global não reaja. O Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, com pagamento em 8 dias, acumula alta de 0,7% nos últimos sete dias. Apesar da recuperação, o indicador registra queda de 1,12% na parcial de novembro. A posição firme dos vendedores e o interesse comprador por produtos de melhor qualidade dão certa sustentação aos preços, enquanto os agentes seguem atentos ao bom avanço das exportações. Na primeira quinzena de novembro, o Brasil embarcou 244 mil toneladas de algodão, volume 18,5% inferior ao total de novembro de 2024.

Se esse ritmo se mantiver, os embarques do mês podem superar 460 mil toneladas. Os vendedores estiveram focados no cumprimento de contratos, enquanto compradores buscam ajustar os estoques para as últimas semanas de atividades de 2025 e para o início de 2026. O Itaú BBA, que alerta para um cenário desafiador à frente. A ampla oferta da safra atual, resultado do aumento da área plantada e da elevada produtividade, deve gerar forte crescimento do estoque final. Em Rondonópolis (MT), o algodão recuou 4,6% em outubro, para R$ 3,35 por libra-peso, acumulando a quinta desvalorização mensal seguida. A média dos preços no Brasil está nos níveis mais baixos dos últimos cinco anos. A conclusão da colheita e o aumento do volume beneficiado, que já atingiu 70% segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), somados à demanda interna e externa ainda fraca, continuam pressionando as cotações.

Caso a desvalorização se confirme em novembro, o algodão completará seis meses de retração no mercado interno. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta produção nacional de pluma em 4,03 milhões de toneladas na safra 2025/2026, queda de 1,2% em relação ao ciclo anterior. Porém, como os estoques iniciais de janeiro de 2026 devem ser elevados, a disponibilidade interna deve ficar 6,5% acima da registrada em 2025, para 6,8 milhões de toneladas. Deste total, 730 mil toneladas devem ser consumidas internamente e 3,06 milhões de toneladas, exportadas. Mesmo assim, em dezembro de 2026, os estoques finais devem superar 3 milhões de toneladas, um recorde. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que a colheita de algodão no país estava em 71% no dia 16 de novembro, em comparação a 76% há um ano e 72% na média de cinco anos. No cenário global, o USDA elevou a produção mundial para 26,145 milhões de toneladas na safra 2025/2026, alta de 0,7% em relação ao ciclo anterior, devido aos maiores volumes da China e do Brasil.

As estimativas de consumo mundial permaneceram praticamente estáveis em 25,883 milhões de toneladas. O resultado é um estoque final mundial de 16,532 milhões de toneladas, o que representa 63,9% do consumo global. Do total dos estoques mundiais, 46,3% estão previstos para a China. Para o Brasil, o USDA revisou a produção para cima em 100 mil toneladas, levando a previsão de exportação para 3,2 milhões de toneladas. O Itaú BBA pondera que a maior safra brasileira amplia a competição no mercado externo, mas a demanda ainda não sinaliza recuperação consistente. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê desaceleração do crescimento global de 3,2% em 2025 para 2,9% em 2026, o que pode impactar o consumo de têxteis. Para a Céleres Consultoria, parece ser difícil ver um gatilho de curto prazo para uma elevação de preço. Talvez alguma redução mais relevante nos Estados Unidos, ou no mercado como um todo em 2026, mas a percepção é de cenário na faixa de 65,00 e 70,00 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.