04/Dec/2025
O mercado de algodão encerra 2025 pressionado pela sexta queda mensal consecutiva nos preços, com o Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, atingindo o menor valor desde setembro de 2009 em termos reais. O cenário de maior oferta nacional, demanda interna retraída e enfraquecimento dos valores internacionais levou o setor a intensificar a pressão por instrumentos de crédito e políticas de sustentação. O Indicador Cepea, com pagamento em 8 dias, registrou média de R$ 3,45 por libra-peso em novembro, queda de 1,91% em relação a outubro e de 12,5% sobre novembro de 2024, em termos reais. O Indicador acumula baixa de 0,28% na parcial de dezembro. Em dólar, a média mensal doméstica foi de 64,44 centavos de dólar por libra-peso, valor 2% acima do primeiro vencimento da Bolsa de Nova York, mas 14,3% inferior ao Índice Cotlook A.
Os agentes já começam a se programar para o recesso de fim de ano e adquirem a matéria-prima de forma pontual. Entre os vendedores, há aqueles com maior necessidade de caixa e que buscam liquidar lotes e aceitam valores menores nas efetivações de negócios. A dificuldade de acordo quanto ao preço e à qualidade dos lotes ofertados também tem limitado a maior liquidez. Diante da queda acentuada dos preços, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) intensificou a pressão apoio ao produtor, como por acesso ao Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) ou a uma linha de crédito específica do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O preço atual do algodão em pluma encontra-se abaixo do Preço Mínimo. O acesso a instrumentos como o CPR-BNDES ou ao Pepro é decisivo para garantir o equilíbrio da atividade em um momento marcado por volatilidade de preços e aumento dos custos financeiros.
Com o crédito mais restrito e a elevação do estoque global pressionando as cotações internacionais, os produtores têm enfrentado menor capacidade de giro e maior exposição ao risco. A implementação desses programas permitiria suavizar perdas econômicas, assegurar liquidez e preservar a capacidade de investimento dos produtores, fatores essenciais para que o País mantenha sua competitividade nas próximas safras. A Abrapa protocolou oficialmente a solicitação por intermédio da Câmara Setorial do Algodão e Derivados, que realizou sua reunião final de 2025 na terça-feira (02/12). A entidade apresentou a primeira projeção para a safra 2026, apontando uma retração estratégica da produção. A área plantada deve cair 5,5% em relação a 2025, resultando em uma produção estimada de 3,829 milhões de toneladas, queda de 9,9% frente às 4,1 milhões de toneladas colhidas em 2024/2025.
O momento é de cautela, pelo excesso de oferta de algodão no mundo. Diante do cenário atual de endividamento interno e juros altos, a previsão é de redução de 10% da safra no Mato Grosso, afirmou a Associação Mato-Grossense de Produtores de Algodão (Ampa). Apesar da retração esperada na produção, as exportações brasileiras devem manter ritmo forte. A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) projeta que o Brasil exporte 3,2 milhões de toneladas no ano comercial 2025/2026, em comparação com 2,9 milhões de toneladas no ciclo anterior, elevando a participação brasileira nas exportações globais para 33%. De julho a outubro, o Brasil já embarcou 677 mil toneladas, com novembro apontando 325 mil toneladas. Mesmo com o atraso de safra, o Brasil tem conseguido superar as exportações dos anos anteriores.
Isso, somado à diversificação dos destinos, fez com que o Brasil mantivesse a liderança mundial nas exportações. A Índia despontou como destaque, importando 92 mil toneladas de algodão brasileiro entre julho e novembro, ocupando a segunda colocação entre os maiores compradores, com 17% do total das exportações. A China, contudo, segue como principal destino, representando 20% das vendas. No mercado internacional, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta produção global de 26 milhões de toneladas em 2025/2026 para um consumo de 25,8 milhões de toneladas. O esforço integrado de Anea, Abrapa e ApexBrasil, através do programa Cotton Brazil, tem dado frutos visíveis. Para o próximo ano, o grande desafio é manter o ritmo forte de exportações diante de uma safra grande e de preços internacionais muito baixos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.