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17/Jun/2019

Quebras na safra podem elevar os preços do arroz

A constatação de que a safra de arroz do Rio Grande do Sul, que responde por 70% da oferta nacional, quebrou como se especulava fez os preços do cereal finalmente superarem a barreira de R$ 44,00 por saco de 50 Kg, em média, em maio. Esse patamar supera o custo de produção do ciclo 2018/2019, o que não acontecia em período de colheita há quatro anos. Também representa um aumento de 6% em relação a abril e de 20% na comparação com maio de 2018. De acordo com levantamento do Instituto Riograndense de Arroz (Irga), o produtor do Rio Grande do Sul desembolsou entre R$ 42,00 e R$ 43,00 por saco de 50 Kg para semear o cereal em 2018/2019, levando em consideração apenas o custeio de lavoura, sem a inclusão de despesas financeiras e remuneração de capital, arrendamento e pró-labore, entre outros itens.

Segundo a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), este parece um bom preço, mas o produtor está endividado há várias safras e, por isso, muitos já venderam parte grande de sua colheita para as indústrias, como forma de financiar a safra. Esses receberam menos de R$ 40,00 por saco de 50 Kg. Porém, não há dados sobre a parcela da safra foi comercializada antecipadamente. A elevação de preço em maio se deu diante de uma colheita de 7,24 milhões de toneladas no Estado, 14,5% menor que no ciclo passado, em função de fortes chuvas e enchentes que atingiram por meses a metade sul do Rio Grande do Sul. Com isso, a produtividade média ficou em 7.508 quilos por hectare, 5,5% menos que na temporada 2017/2018. Além disso, a cada ano a soja toma mais espaço das lavouras de arroz.

De 2017/2018 para 2018/2019, a área de cultivo caiu 10,5%, para 964,5 mil hectares. Há quatro anos, ultrapassava 1,1 milhão de hectares. A escalada dos preços deve continuar no segundo semestre, com o período de entressafra do cereal no Brasil. Entretanto, há limitações para alta devido à dificuldade de a indústria repassá-la ao varejo e à grande oferta de arroz no Mercosul. Nos primeiros cinco meses do ano, o Brasil exportou 513,5 mil toneladas de arroz e importou 268,7 mil toneladas. No mesmo período de 2018, foram 614,3 mil toneladas e 254,7 mil, respectivamente. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz), o arroz produzido no Rio Grande do Sul é de boa qualidade e vem conquistando mercado, mas levando em consideração concorrentes como os Estados Unidos, o Brasil este com preços altos neste momento.

No Porto de Rio Grande, o arroz era negociado, na primeira semana de junho, a R$ 48,00 por saco de 50 Kg ou US$ 12,30 por saco de 50 Kg, ao passo que o produto norte-americano era cotado a US$ 11,00 por saco de 50 Kg. No varejo brasileiro, a demanda doméstica tende a ficar estável, em pouco mais 11 milhões de toneladas, embora o desembolso para a compra de arroz já tenha crescido no último mês. Segundo a empresa GFK, que faz o monitoramento mensal de uma cesta de produtos para a Associação Brasileira dos Supermercados (Abras), as famílias brasileiras gastaram R$ 18,45 com arroz no mês de maio, 9,2% mais que em abril. No mesmo período do ano passado, foram R$ 16,89, uma variação anual também de 9,2%. A GFK leva em consideração famílias de 3,1 pessoas em média. Apesar do aumento, é preciso lembrar que o arroz é um produto de menor peso para a composição da cesta de 35 produtos da Abras, que inclui itens de higiene, limpeza e alimentos. Em maio, representou 3,8% dos R$ 481,56 gastos em média pelas famílias brasileiras. Fonte: Valor Online.