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18/Out/2019

Metade dos brasileiros vive com R$ 413 por mês

A miséria ficou mais profunda no Brasil em 2018. No ano passado, os brasileiros mais pobres ficaram ainda mais pobres, e os mais ricos se enriqueceram mais. A desigualdade de renda subiu a nível recorde, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A distância entre o topo e a base da pirâmide social, tendo como referência a distribuição de riqueza, aumentou ainda mais. A metade mais pobre da população, uma massa de 104 milhões de brasileiros, vivia com apenas R$ 413 mensais no ano passado. O cálculo considera todas as fontes de renda, entre elas aposentadoria, pensão, salários e Bolsa Família, por exemplo. No outro extremo, o 1% mais rico - somente 2,1 milhões de pessoas - recebia R$ 16.297 por pessoa, em média. Ou seja, essa pequena fatia mais abastada da população ganhava quase 40 vezes mais que a metade da base da pirâmide populacional.

O Brasil é um dos países com a maior concentração de rendimentos, talvez entre os dez maiores. Em todo o País, 10,4 milhões de pessoas (5% da população) sobreviviam com R$ 51 mensais, em média. A renda domiciliar per capita dos 5% mais pobres caiu 3,8% na passagem de 2017 para 2018. Ao mesmo tempo, a da fatia mais rica (1% da população) cresceu 8,2%. O Índice de Gini da renda domiciliar per capita - medida de desigualdade de renda numa escala de 0 a 1, em que quanto mais perto de 1 maior é a desigualdade - subiu de 0,538 em 2017 para 0,545 em 2018, o maior nível já registrado. O fenômeno tem relação com a crise no mercado de trabalho, que afetou especialmente o estrato de trabalhadores com menor qualificação e menor remuneração. Continuam no mercado de trabalho aqueles que ganham mais. Quando a geração de vagas começou a melhorar, os desempregados que conseguiram voltar ao mercado assumiram postos piores do que os do passado.

Ao perderem seus trabalhos, as pessoas vão arrumar outras ocupações em que consigam ter alguma remuneração. Se o momento tem mais demanda por trabalho do que oferta, as pessoas acabam aceitando funções com remunerações mais baixas. Com mais pessoas trabalhando, a massa de renda de todas as fontes cresceu de R$ 264,9 bilhões em 2017 para R$ 277,7 bilhões em 2018. Como a concentração aumentou, os 10% mais pobres detinham apenas 0,8% da massa de rendimentos, enquanto os 10% mais ricos concentravam 43,1% desse bolo. Se considerados apenas os trabalhadores com renda do trabalho (excluindo outras fontes, como benefícios ou aplicações financeiras), a fatia de 1% mais bem remunerada recebia R$ 27.744 mensais, o que corresponde a 33,8 vezes o rendimento dos 50% dos trabalhadores com os menores rendimentos. Estes recebiam, em média, R$ 820, menos que o salário mínimo em vigor no ano. A diferença foi a maior da série histórica da pesquisa. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.