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04/Ago/2020

Endividamento das famílias cresce com pandemia

Segundo um estudo especial da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus levou os consumidores de renda média e baixa a buscarem mais crédito, enquanto os mais ricos reduziram o endividamento para poupar. De março a julho, mais 678.373 famílias de renda baixa e média contraíram dívidas, enquanto 290.144 famílias de renda alta deixaram o endividamento. O total de famílias endividadas subiu a 10,952 milhões, patamar recorde dentro da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), iniciada em janeiro de 2010. Sete em cada dez famílias com renda mensal até 10 salários mínimos estavam endividadas em julho, sendo que quase um terço delas estava inadimplente (29,7%, maior patamar em mais de uma década). O crédito está sendo necessário para as pessoas conseguirem pagar suas contas.

Por outro lado, a proporção de endividados entre as famílias mais ricas, que recebem mais de 10 salários mínimos por mês, encolheu de 62,1% em março em para 59,1% em julho, e a inadimplência ficou relativamente estável em 11,2%. O temor em relação à crise sanitária acendeu cautela entre os mais ricos quanto aos gastos, enquanto a propensão a poupar aumentou. Durante a pandemia, a inadimplência deu um salto, com aumentos significativos especialmente nos meses de junho e julho. No mês de julho, havia 465 mil famílias inadimplentes a mais que em fevereiro, período anterior ao agravamento da crise sanitária no Brasil. Já são 4,341 milhões de famílias com contas em atraso em todo o País. Quando elas entram na inadimplência, essas famílias têm maiores dificuldades de pagar seus compromissos. O brasileiro preza muito pelo seu nome, mas quando ele entra na inadimplência, não consegue pagar suas dívidas.

O endividamento das famílias já mostrava tendência de alta antes da crise sanitária, impulsionada pelo crédito mais barato. O avanço da inadimplência costuma acompanhar a tendência de elevação do endividamento. No entanto, o comportamento distinto entre as faixas de renda familiar e o aumento na contratação de determinados tipos de dívidas evidenciam a dificuldade das famílias em manter o padrão de consumo anterior à pandemia. O cartão de crédito ainda era a modalidade mais citada, mas perdeu espaço nos últimos meses: mencionado por 78,4% das famílias em março, passando a 76,2% em julho. Por outro lado, cresceram as menções a dívidas no crédito consignado (de 6,3% em março para 8,2% em julho), crédito pessoal (de 8,2% para 9,2%) e carnês de loja (de 16,2% para 17,6%). Também houve avanços no financiamento de carro (de 10,3% para 11,3%) e de casa (de 9,0% para 10,1%). Diante da expectativa de um mercado de trabalho ainda precário e do fim do pagamento do auxílio emergencial pelo governo, a CNC defende medidas que evitem uma explosão da inadimplência no País, especialmente entre os mais pobres. Existe o risco de avanço na inadimplência.

Inclusive, isso vai ser um dos balizadores da retomada da economia. Os benefícios emergenciais foram fundamentais para manter algum nível de renda entre as famílias que estão mais vulneráveis. Mas, as famílias vão deixando de receber esses benefícios. Além disso, há fechamento de vagas com carteira assinada no mercado de trabalho formal. Para a entidade, devem ser tomadas medidas pelos formuladores de políticas públicas e pelo sistema financeiro para que permitam o alongamento de prazos para pagamento, melhora no custo do crédito, renegociação de dívidas antigas e troca de dívidas mais caras por dívidas mais baratas. Há uma proporção de várias famílias endividadas, principalmente as de menor renda. É preciso evitar que esse quadro se traduza numa explosão de inadimplência, alongando a dívida, já que o aumento da renda é mais difícil nesse momento.

Não há perspectiva de aumento expressivo na renda das pessoas para fazer com que consigam quitar seus compromissos e manterem o consumo de produtos essenciais. Então, essa saída vai ser mais gradual. Os bancos também têm essa responsabilidade social, porque o governo fez uma injeção de liquidez. Também há uma responsabilidade do sistema financeiro em liberar esses recursos para fazer com que cheguem às pessoas, para que essas pessoas possam consumir e pagar suas contas. A pesquisa da CNC ouve mensalmente cerca de 18 mil consumidores em todas as capitais dos Estados e no Distrito Federal. São consideradas endividadas as famílias com contas a pagar em modalidades como cheque pré-datado, cartões de crédito, carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carro e seguros. A inadimplência se refere a contas em atraso, aquelas que não foram pagas desde a data de vencimento. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.