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06/Ago/2021

Arroz terá custo maior e margem menor em 2022

Segundo a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), com base em levantamento realizado no âmbito do programa Campo Futuro, feito em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), os produtores de soja, milho, trigo e arroz do Rio Grande do Sul tiveram margens históricas de lucro na safra 2020/2021, que se encerrou em 30 de junho. Entretanto, no ciclo atual, 2021/2022, este cenário não deve ser mantido. O programa, que realiza painéis de levantamento de custos de produção de grãos no Estado, coletou informações nos municípios de Bagé, Camaquã, Carazinho, Cruz Alta, Tupanciretã e Uruguaiana para aquelas quatro culturas. Os custos de produção aumentaram bem mais do que a inflação oficial do País.

Porém, a trajetória do aumento de preços e a recuperação da produtividade frente à seca do ano passado fez com que a receita bruta fosse alta e as margens fossem bem largas para safra 2020/2021. Hoje, o que se vê é que os custos continuam em alta em 2021, enquanto os preços já apresentam uma tendência de estabilidade. Assim, isso pode ocorrer de, no futuro, os custos convergirem para perto da receita e as margens ficarem mais estreitas até 2022. No caso da soja, principal cultura do Estado, os custos relativos aos insumos tiveram uma redução na comparação entre as safras 2019/2020 e 2020/2021. Mesmo assim, as sementes registraram um aumento de 38%. Isso aconteceu porque os valores de sementes, especialmente as (sojas com tecnologia) Intacta, estão relacionados com a taxa cambial.

O levantamento indica ainda que outros itens tiveram forte alta, como operação mecânica (20%); juros de capital de giro (14%); custo operacional total, que também considera a depreciação de equipamentos, por exemplo (13%); valores relativos à administração da propriedade, contabilidade, energia elétrica, alimentação de funcionários (44%), e frete (53%). A lavoura de soja, no total, ficou 13% mais cara na relação entre as duas safras mais recentes. Porém, os custos seguem acelerando. Se na última safra, para cobrir todos os custos, a soja deveria ser comercializada por, no mínimo R$ 67,00 por saca de 60 Kg, atualmente esse valor saltou para R$ 85,00 por saca de 60 Kg. O milho recuperou a perda da produtividade na comparação com 2019/2020, mas ainda está distante do potencial. Mesmo não tendo uma produtividade excepcional, é a cultura que melhor responde em relação à margem bruta. A principal razão está na alta de 72% no preço do grão.

Entretanto, os custos de produção mantêm o movimento de elevação. Desse modo, o valor mínimo por saca para cobrir os custos, que era de R$ 34,87 por saca de 60 Kg na última safra, teria que passar para R$ 44,47 por saca de 60 Kg atualmente. O trigo também vem de forte aumento no preço, atingindo 90% na safra 2020/2021, mas com custos em forte elevação. Nos insumos, sementes (35%) e fungicidas (38%) puxaram a alta, junto com custo geral (49%). Mesmo assim, o bom momento vivido na última safra e a projeção para a atual. Foi um resultado histórico, o produtor pagou todos os custos e ainda teve margem bruta confortável. Foi o melhor resultado da última década. A realidade já mudou totalmente. Para empatar os custos, o produtor hoje precisava vender a R$ 70,00 por saca de 60 Kg contra R$ 45,00 por saca de 60 Kg da safra passada. O arroz passa por situação semelhante ao trigo.

Enquanto ainda há espaço para lucratividade para soja e milho, para arroz e trigo não tanto. A safra 2019/2020 já havia registrado bons resultados, mas a 2020/2021 foi bem superior. Houve recorde de produtividade atingindo média de 206 sacas de 60 Kg hectare. Os preços também tiveram mesma trajetória dos demais grãos, garantindo um aumento de receita de 52%. Os custos também foram reajustados. Os insumos aumentaram 17%, especialmente sementes (29%) e herbicidas (34%); operação mecânica, 23%; custos de colheita, 19%; frete, 10%; custo geral 29%. O custo operacional total (COT) do arroz foi o que teve maior alta, com 21%. Os valores de irrigação cresceram 32%, fazendo com que os seus custos se aproximassem do valor total dos insumos em valores absolutos. A tendência é de que as margens boas não se repitam. Para cobrir os custos, o arroz que antes deveria ser vendido por R$ 44,31 por saco de 50 Kg, agora não pode ficar abaixo de R$ 65,87 por saco de 50 Kg. Fonte: Agência Estado.