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02/Apr/2025

Beneficiadoras: diversificação e novos mercados

As indústrias beneficiadoras de arroz viram seu faturamento crescer no último ano, resultado dos preços recorde do cereal no começo de 2024. Um ano depois, com a queda de 22% no valor médio do arroz em casca, as empresas buscam estratégias para atingir metas e manter o desempenho. Em Santa Cruz do Rio Pardo (SP), maior polo de beneficiamento de arroz do Estado, empresários tentam driblar os preços mais baixos e a incerteza no cenário internacional apostando na diversificação do portfólio e na conquista de novos mercados no exterior. A guerra comercial que o presidente norte-americano Donald Trump está espalhando mundo afora, ainda que prejudicial, pode até abrir novas possibilidades de mercado para o arroz beneficiado pelas empresas brasileiras. Importadores do Canadá, país sobre o qual os Estados Unidos impuseram tarifas, começaram a cotar preços do arroz brasileiro. Ainda nada concreto aconteceu, mas como o Canadá compra arroz dos Estados Unidos e há essas disputas comerciais, é possível que saia algum negócio.

A companhia, criada em 1968, faturou R$ 1,06 bilhão em 2024, uma alta de 25% em relação ao ano anterior. As exportações, sobretudo para Peru, Guatemala e Cuba, foram responsáveis por 12% da receita. Recentemente, o Brasil conseguiu a abertura de mercado do esbramado (arroz integral) para o México. Agora, luta para enviar o beneficiado. Também recebeu uma delegação da China em dezembro, e um acordo fitossanitário para venda deve sair em breve. A São João Alimentos busca também expandir suas operações na Grande São Paulo. A empresa afirma ter entre 10% e 15% do market share de arroz no Estado, e agora pretende vender a mais varejistas de grande porte na capital. Para isso, os filhos dos irmãos fundadores profissionalizaram a gestão e criaram áreas como trade marketing, planejamento e governança jurídica. Além de beneficiar arroz com as marcas Patéko e São João, a empresa comercializa feijão, açúcar, grão-de-bico e pipoca. Em ano de preços em queda, a expectativa é de aumento de 5% no volume de vendas.

Para o faturamento, se empatar, estará bom. Os fundadores da Guacira Alimentos também esperam aumento de 5% nos volumes comercializados de arroz. Mas, são pessimistas em relação ao faturamento e preveem queda de 20% e 25% em razão dos preços mais baixos. Em 2024, a empresa teve receita de R$ 390 milhões, e as exportações representaram 7% do total. A Guacira exporta arroz aos Estados Unidos e teme que as disputas comerciais atrapalhem. Se o Brasil for taxado nas vendas de arroz para os norte-americanos, a empresa perderá um mercado que compra produto de qualidade, beneficiado e empacotado. A estratégia da Guacira para se manter lucrativa é trabalhar com um portfólio mais amplo, dependendo menos de arroz e feijão. Entre os produtos oferecidos pela empresa estão azeite, palmito, café, goiabada, tapioca, farinha, massas, queijo ralado, sal e açúcar. A empresa também investe em pecuária.

Os sócios da Guacira destinaram R$ 20 milhões para ampliar um abatedouro da família, que existia desde 1998. A empresa assumiu uma fazenda de boi há alguns anos e, como na ocasião a família tinha um supermercado em Santa Cruz, começou a vender carne. Agora, com esse investimento passará do abate de 80 cabeças de gado por dia, para 300. E vai atender aos clientes com a marca Bafaria. Dona da marca Solito, uma das mais conhecidas de arroz no Estado, os três fundadores da Brasília comercializavam arroz e café na região nos anos 1960. Com a geada histórica de 1975/1976, que destruiu as plantações de café, os sócios se voltaram só para o cereal. Diferentemente de seus pares, a estratégia da Brasília, que faturou R$ 1,2 bilhão em 2024, é explorar todo o potencial do arroz e criar subprodutos, como farinha de arroz e premix para a indústria de alimentação, farmacêutica e de ração. Tanto, que as exportações não representam nem 1% do faturamento.

O consumo de arroz vem caindo, e foi preciso criar estratégias para crescer neste cenário. A empresa se tornou o maior fornecedor global de arroz para os alimentos infantis da Nestlé, por exemplo, e responsáveis por 80% dos premix para as empresas de pet food. O investimento em ração animal deu tão certo que a Brasília criou há três anos a própria empresa de pet food. Recentemente, investiu R$ 50 milhões para ampliar a capacidade de produção de 2,5 mil toneladas/hora, para 7,5 mil. Além desse segmento, a companhia também aumentou no ano passado a capacidade de beneficiamento de arroz, hoje em 18 mil toneladas ao mês, para fazer produtos industriais e está participando de uma licitação para aumentar o fornecimento para a Ambev. Se der certo, talvez seja preciso aumentar ainda mais a capacidade produtiva. As empresas de arroz de Santa Cruz do Rio Pardo têm ainda unidades na Região Sul do País, que concentra a produção do cereal. Mas trazem também arroz do Paraguai, pois a logística e os preços compensam. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.