12/May/2025
A Camil Alimentos, fabricante de arroz, feijão, café, açúcar, massas, pescados e biscoitos, reportou lucro líquido de R$ 217 milhões no ano fiscal de 2024, encerrado em fevereiro deste ano. O resultado é 39,8% menor na comparação com 2023, quando a empresa reportou lucro líquido de R$ 360,5 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da companhia atingiu R$ 907,3 milhões, recuo de 0,7%% frente aos R$ 914 milhões do ano anterior. A margem Ebitda ficou em 7,4%, ante 8,1% de um ano antes, queda de 0,7 ponto porcentual. A alavancagem da empresa (relação entre dívida líquida e Ebitda) manteve-se praticamente estável em 3,0 vezes, ante 2,9 vezes reportada ao fim de 2023. A receita líquida avançou 9,0% na comparação anual, alcançando R$ 12,263 bilhões em 2024, ante R$ 11,250 bilhões de 2023. No segmento alimentício Brasil, a receita líquida aumentou 6,2%%, para R$ 8,915 bilhões. O segmento alimentício internacional obteve receita líquida 17,2%% maior, de R$ 3,348 bilhões. O volume de produtos comercializado pela empresa no ano recuou 3,5%, para 2,115 milhões de toneladas.
O desempenho do Brasil, que caiu 1,5% em volume vendido no ano fiscal de 2024, enquanto a queda no segmento internacional foi de 8,2%% no ano. Segundo a empresa, o resultado foi parcialmente compensado pelo crescimento de volumes do alto valor (+10,7%). No ano, a empresa investiu R$ 335 milhões, 15,4% menos que em 2023, quando aplicou R$ 290,4 milhões. Em 2024, os aportes foram direcionados especialmente para a expansão da capacidade de café, massas e internacional. No comunicado divulgado aos investidores, o diretor presidente da Camil, Luciano Quartiero, destacou que a receita líquida foi recorde no ano fiscal de 2023, atribuindo parte do desempenho às categorias de maior valor agregado, negócios adquiridos recentemente pela Camil. A Camil teve prejuízo líquido de R$ 24,6 milhões no quarto trimestre fiscal de 2024, encerrado em fevereiro. Em igual período anterior, a empresa obteve lucro líquido de R$ 106,6 milhões.
A receita líquida aumentou 11,7%%, de R$ 2,682 bilhões para R$ 2,997 bilhões no quarto trimestre fiscal de 2024. No segmento alimentício Brasil, a receita líquida aumentou 3,5%%, para R$ 2,175 bilhões. O segmento alimentício internacional obteve receita líquida 41,5% maior, de R$ 822,3 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia caiu 23,6% na mesma comparação, de R$ 253,8 milhões para R$ 193,9 milhões. A margem Ebitda retraiu 3,0 pontos porcentuais do quarto trimestre fiscal de 2023 para o quarto trimestre fiscal de 2024, encerrando o período em 6,5%. A alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) terminou o quarto trimestre fiscal de 2024 em 3,0 vezes ante 2,9 vezes de igual período do ano fiscal anterior. No período, a companhia investiu (Capex) R$ 121,9 milhões, 41,3%% mais que no quarto trimestre fiscal de 2023. A companhia destacou sobretudo aportes na manutenção e investimentos na nova planta de grãos em Cambaí (RS).
O diretor presidente da Camil, Luciano Quartiero, e o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Flavio Vargas, destacaram a queda no Ebitda ajustado e na margem de Ebitda ajustado. Esse resultado teve impacto, principalmente, de menores volumes e rentabilidade no Brasil, parcialmente compensado por uma boa rentabilidade no resultado do segmento internacional. Em um momento no qual o ambiente econômico no Brasil se torna mais desafiador, a plataforma diversificada na América Latina se destaca com constantes resultados positivos no âmbito do resultado internacional. A Camil Alimentos comercializou no quarto trimestre fiscal de 2024, encerrado em fevereiro, 5,3% mais volume em produtos em comparação com igual período do ano anterior. Foram 458,1 mil toneladas ante 435 mil toneladas do quarto trimestre fiscal de 2023. O crescimento foi puxado sobretudo pelo aumento de 10,1% no volume comercializado no segmento internacional, para 140,7 mil toneladas vendidas no período. No Brasil, o volume comercializado pela empresa avançou 3,3% na comparação anual, para 317,4mil toneladas.
No Brasil, que representou 69,3% do volume comercializado pela Camil, o total de vendas do segmento de alto giro, formado por arroz, feijão e açúcar, foi 1,0% maior, para 266,8 mil toneladas. Já o volume vendido na divisão de alto valor, formado por pescados, massas, café e biscoitos, aumentou 17,7%, para 50,6 mil toneladas. O preço líquido do segmento de alto giro no Brasil caiu 11,0%, para R$ 4,48 por quilo, enquanto o preço líquido médio do segmento de alto valor aumentou 21,9%, para R$ 18,40 por quilo. No mercado internacional, que representou 30,7% do total comercializado pela companhia no trimestre, apresentou alta de 10,1% no volume, com aumento de 16,6% no preço líquido, para R$ 6,50 por quilo ao fim do quarto trimestre de 2024. Sobre a redução das vendas na comparação anual, Luciano Quartiero e Flavio Vargas atribuíram a retração ao menor volume registrado em grãos na categoria de alto giro, o que foi parcialmente compensado pelo aumento do volume do segmento de alto valor com crescimento dos novos negócios.
O diretor presidente da Camil, Luciano Quartiero, afirmou que o foco da companhia no momento está na desalavancagem com melhoria da rentabilidade. "A companhia não avalia desinvestimentos para desalavancagem. Estamos confortáveis com operações atuais. O nosso foco está na desalavancagem via melhoria da rentabilidade", disse Quartiero. Ele lembrou que o nível histórico de alavancagem da companhia é entre 2 vezes e 2,5 vezes. "Com a melhoria da rentabilidade da categoria de alto valor, devemos melhorar a alavancagem pelo crescimento do Ebitda. O foco atual é alavancagem em 3,5 vezes pelo covenant. A partir desse ano o covenant (compromisso com credores) prevê alavancagem de 4 vezes, mas com juros atuais não queremos seguir alavancagem com quatro vezes", apontou o diretor presidente da Camil. Segundo Quartiero, a companhia considera alavancagem entre 2 vezes e 2,5 vezes como nível adequado para voltar a atuar de forma ativa em fusões e aquisições.
"O nível atual de alavancagem dificulta executar eventual transação. Hoje, o desafio financeiro para novas aquisições está no nível de alavancagem e no preço da ação, que difícil trazer capital novo para transações. Um nível entre 2 e 2,5 vezes permite conforto financeiro e flexibilidade para uma operação mais relevante dentro do limite de atingimento do covenant", afirmou o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Camil, Flávio Vargas. De acordo com Vargas, entre os fatores que influenciam na desalavancagem da companhia está a melhoria operacional que aumenta a capacidade de geração de caixa e a taxa básica de juros, a Selic, que no patamar atual absorve parte do resultado operacional pelo aumento do custo da dívida. "Do ponto de vista de geração de caixa, nosso cenário para 2025 é andar de lado. Do lado dos fatores externos, com a Selic por volta de 15%, de 50% a 60% do resultado é comprometido com pagamento de dívidas, justamente em ano de investimento alto pela conclusão da fábrica de arroz e da termoelétrica em Itaqui", pontuou o diretor.
Para Vargas, a desalavancagem da companhia deve começar a ser vista apenas no próximo ano fiscal, apostando em resultado operacional robusto, menor comprometimento de recursos em investimentos e juros mais amenos. Após entrar em novas categorias e mercados internacionais ao longo dos últimos três anos, a Camil Alimentos descarta a possibilidade de fazer novos movimentos de expansão e diversificação neste momento. Segundo o diretor presidente da Camil, Luciano Quartiero, o foco da empresa no momento é capturar as oportunidades de crescimento em volume e rentabilidade das categorias de alto valor agregado (formado por pescados, massas, café e biscoitos). "Tanto em café quanto em biscoitos e massas estamos no meio do caminho do desafio de ampliar rentabilidade e operação. Nosso desejo é capturar essas oportunidades antes de pensar em um novo passo inorgânico. A companhia ainda não está pronta para colocar nova categoria na operação porque ainda não concluiu a integração dessas categorias", disse Quartiero.
De acordo com Quartiero, as novas categorias (massas, café e biscoitos) estão pressionando a margem bruta da companhia. Ao fim do quarto trimestre do ano fiscal de 2024, encerrado em fevereiro, a margem bruta da Camil ficou em 17,7%, retração anual de 3,6%. "A margem bruta foi afetada pela diluição de custos de novas categorias, gerada por menores volumes, e pela falta de repasse adicional de preços. Estimamos que falta repassar 1% em preços", observou Quartiero. De acordo com ele, as novas categorias afetam a diluição de custos pelo fato de a operação atual estar aquém da capacidade operacional. "Biscoitos e massas têm custo industrial sensível a volumes e operamos em biscoitos em 50% da capacidade", apontou. Em 2024, a Camil comercializou 193,1 mil toneladas em produtos de alto valor, 10,7% mais que no ano anterior. Segundo o CEO, cada categoria tem desafios próprios para expansão, mas também oportunidades de expansão e captura de participação de mercado. "A performance em alto valor está muito boa, mas temos oportunidades de crescimento em volume em todas as categorias. Vemos oportunidade de dobrar de tamanho em cafés e biscoitos e de crescer de 40% a 50% em massas nos próximos ano. Estamos muito otimistas com as categorias de alto valor", apontou.
Em relação ao mercado de massas, Quartiero destacou que a empresa conseguiu proteger a rentabilidade da alta dos preços de trigo, ao mesmo tempo que ampliou as vendas em São Paulo. Já em biscoitos, a rentabilidade foi afetada pelo aumento do custo de cacau. "A rentabilidade de biscoito ainda está aquém do potencial da categoria, mas vai aumentar quando crescer em volume", observou. Sobre a operação em café, o CEO citou a entrada da empresa no mercado de cápsulas de café como uma das frentes para expansão do segmento. Já o volume vendido de café está afetado pela insegurança do varejo com o futuro dos preços do grão, segundo Quartiero. "O varejo reduziu o nível de estoque para não tomar risco de preço. Os volumes recentes de café estão afetados pela insegurança dos clientes com preços", pontuou. Em pescados, por sua vez, a sazonalidade do consumo afeta a rentabilidade da categoria. "Daqui para frente deve voltar ao preço médio", afirmou sobre o fim do período de Quaresma, no qual há maior consumo de peixes. Fonte: Broadcast Agro.