09/Apr/2025
O café canéfora, que inclui as variedades de conilon e robusta, está ganhando várias regiões do estado de São Paulo em razão de uma particularidade: a genética resistente a secas severas e a terrenos que passaram por estresses hídricos ou deficiência de nutrientes. Diante de oportunidades agronômicas, o governo estadual vem incentivando o plantio da espécie e, depois de alguns meses de testes, lança o projeto Rotas do Café. O projeto já cadastrou 154 propriedades rurais de produção do grão, das quais 65 são turísticas e 89 para negócios. Todas integrarão cinco rotas espalhadas pelo Estado. São Paulo é referência na produção de café e possui diversas fazendas históricas, sendo a cultura uma das mais antigas do Estado. As Rotas do Café de SP irão conectar visitantes a uma experiência rica e diversificada, desde pequenas propriedades familiares até grandes fazendas da cafeicultura. A iniciativa se baseia, de um lado, no aumento das lavouras de café no Estado, e, de outro, no resgate da economia cafeeira.
Na visão do governo estadual, o momento atual é oportuno para lançar um projeto de incentivo à cafeicultura. As cotações do café nas bolsas internacionais e no mercado doméstico atingem seus recordes históricos. O preço mundial subiu 38,8% em 2024 na comparação com 2023, segundo o relatório de março da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O poder público busca alternativas para acomodar os preços internos e atender à crescente demanda internacional. Neste sentido, os canéforas aparecem como grande aposta. Ao se adaptarem a climas mais quentes e úmidos, apresentam, muitas vezes, produtividade superior à do arábica no Estado. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento ficará responsável pela instalação de "vitrines tecnológicas de café", que foram áreas escolhidas nos municípios do Oeste Paulista que se enquadram no zoneamento e estão próximas de unidades consumidoras.
O governo informou que o programa deve beneficiar 20 mil produtores e irá movimentar R$ 500 milhões de recursos privados para a infraestrutura produtiva. Os primeiros resultados do Programa Estadual de Incentivo ao Cultivo de Coffea Canephora, sobre o andamento do plantio nas regiões paulistas onde estão essas vitrines foram divulgados nesta terça-feira (08/04). Na mira dos negócios estão também as exportações para países como Estados Unidos, membros da União Europeia e a China, com quem o estado de São Paulo vem estreitando relações comerciais nos últimos cinco anos. Todos os países integram a lista de maiores clientes da cafeicultura do Brasil. São Paulo é o 3º maior produtor de café do País e está em expansão. No levantamento de safra 2024/2025, a previsão para colheita é de 4,30 milhões de sacas de 60 Kg. Na balança comercial do Estado, no início do ano, as exportações do segmento somaram US$ 297,21 milhões, 70,4% referentes ao café verde e 26,5% ao solúvel.
O grão foi responsável por 7,4% das exportações do agro do Estado, sendo o quinto principal produto. Para alavancar ainda mais a cultura cafeeira dos pequenos produtores, São Paulo incluiu o produto no Programa Paulista da Agricultura de Interesse Social (PPAIS). Agora, o governo pode comprar o café torrado e moído para abastecimento de suas secretarias e órgãos vinculados, como escolas e hospitais estaduais, diretamente de agricultores familiares por meio de suas cooperativas. A expectativa é de R$ 10 milhões em compras apenas de pequenas propriedades cafeeiras até o final de 2025. Ano passado, as aquisições totalizaram aproximadamente R$ 21 milhões de agricultores familiares paulistas. De janeiro a fevereiro deste ano, o valor empenhado foi de R$ 1,52 milhão. Para o segundo semestre, o governo informou que irá lançar a 24ª edição do Concurso “Qualidade do Café de SP” como forma de estimular produtores a se desenvolverem também nas categorias especiais do grão, nas quais um dos elementos mais importantes é o cultivo sustentável. Fonte: Globo Rural Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.