24/Apr/2025
Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), os exportadores de café deixaram de embarcar 637.767 sacas de 60 Kg do produto em março, equivalente a 1.932 contêineres. Isso causou prejuízo de R$ 8,901 milhões no caixa das empresas por causa de gastos imprevistos com armazenamento adicional, detenções, pré-empilhamento e antecipação de portões. Desde que o Cecafé iniciou o levantamento, em junho de 2024, as empresas associadas à entidade já reportaram um prejuízo de R$ 66,576 milhões com esses custos extras em virtude da estrutura defasada nos principais portos de escoamento de café do Brasil. O não embarque desse volume de grãos também fez com que o País deixasse de receber US$ 262,8 milhões, ou R$ 1,510 bilhão, como receita cambial em suas transações comerciais no mês passado, considerando o preço médio do Free on Board (FOB) de exportações de US$ 336,33 por saca de 60 Kg (café verde) e um dólar de R$ 5,74 na média de março.
O Brasil é o país que mais repassa o preço FOB de exportação ao produtor e, ao deixar de embarcar por causa da não concretização dos embarques, o repasse aos cafeicultores fica menor. Conforme o Boletim Detenção Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 55% dos navios, ou 179 de um total de 325 embarcações, teve atrasos ou alteração de escalas nos principais portos do Brasil em março passado. De acordo com o Boletim DTZ, o Porto de Santos (SP), que respondeu por 78,5% dos embarques de café no primeiro trimestre de 2025, registrou um índice de 63% de atraso ou alteração de escalas de navios, o que envolveu 113 do total de 179 porta-contêineres. O tempo mais longo de espera no mês passado foi de 42 dias no embarcadouro santista. Conforme dados de relatórios de mercado, dentro desse universo dos dados totais referentes ao Porto de Santos, além dos atrasos, ocorreram 19 omissões de escalas e outras 13 omissões por cancelamento da viagem em embarcações de longo curso, em março, por conta das limitações de infraestrutura portuária, que elevam o tempo de espera dos navios. Isso causa grande preocupação porque potencializa a lotação nos pátios, o que desencadeia efeito em toda a cadeia produtiva.
Também no mês passado, apenas 12% dos procedimentos de embarque tiveram prazo maior do que quatro dias de portão aberto por navios no embarcadouro santista. Outros 55% possuíram entre três e quatro dias e 33% tiveram menos de dois dias. O complexo portuário do Rio de Janeiro (RJ), o segundo maior exportador de cafés do Brasil, com 17,2% de participação nos embarques de janeiro a março deste ano, teve índice de atrasos de 59% no mês passado, com o maior intervalo sendo de 15 dias entre o primeiro e o último prazo. Esse percentual implica que 43 dos 73 navios destinados às remessas do produto sofreram alteração de escalas. Ainda no primeiro trimestre deste ano, 18% dos procedimentos de exportação tiveram prazo superior a quatro dias de portão aberto por porta-contêineres nos portos fluminenses; 36% registraram-se entre três e quatro dias; e 46% possuíram menos de dois dias. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.