04/Aug/2025
Segundo o Rabobank, a confirmação da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro adiciona um novo elemento de volatilidade aos preços e pode provocar uma reorganização significativa no comércio internacional da bebida, com impactos de curto e longo prazos no mercado global. No curto prazo, é esperado um aumento na oscilação dos valores, impulsionado pela busca por cafés de outras origens e pela tentativa de antecipar embarques antes da vigência da nova tarifa. O cenário de incerteza tem levado compradores a adiarem negócios com o Brasil, à espera de desdobramentos nas negociações, especialmente diante do fato de que outros produtos brasileiros foram isentos da medida. Com a tarifa, o café brasileiro perde competitividade no mercado norte-americano, o que pode abrir espaço para concorrentes como Colômbia, Honduras, Etiópia e Vietnã, que enfrentam tarifas menores.
Esses países podem ganhar espaço, sobretudo em um contexto de estoques globais mais apertados. Maior exportador mundial do produto, o Brasil foi responsável por cerca de 30% das exportações globais e por aproximadamente um terço das importações norte-americanas em 2024, quando embarcou 8,1 milhões de sacas de 60 Kg para os Estados Unidos. Apesar da perda de competitividade, é improvável que o produto brasileiro seja totalmente substituído, já que ele compõe parte essencial dos blends consumidos no país. A avaliação do Rabobank é que os efeitos de longo prazo ainda são incertos e dependerão da duração da tarifa e das negociações futuras. A medida pode reconfigurar os fluxos do comércio internacional de café, com impactos relevantes para produtores, exportadores e consumidores.
No curto prazo, porém, o movimento dos Estados Unidos em busca de novas origens pode gerar oportunidades para o Brasil em outros mercados. Isso porque, com o redirecionamento de oferta de países concorrentes para atender os norte-americanos, pode haver espaço para o Brasil suprir a demanda em destinos alternativos. Outro ponto de atenção é o consumo interno norte-americano. O consumo já vinha sendo pressionado por fatores econômicos e inflacionários, e o aumento de 50% nos custos pode tornar o café menos acessível ao consumidor final. Ainda assim, o cenário pode mudar. Existem grandes chances de que haja uma negociação futura envolvendo o café, o que pode alterar o cenário nos próximos dias. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.