11/Aug/2025
O preço do pó de café, um dos vilões da inflação dos alimentos nos últimos tempos, começou a ter um pequeno recuo nas prateleiras dos supermercados em julho. Mas, apesar do tarifaço de 50% imposto por Donald Trump ao produto brasileiro, o que poderia redirecionar as exportações para o mercado interno, especialistas afirmam que a retração atual de preços se deve à entrada da nova safra do grão no mercado. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a nova safra de café será de 55,7 milhões de sacas de 60 Kg de grão beneficiado, 2,7% maior do que a do ano passado, que foi fortemente castigada pelo clima durante o desenvolvimento das lavouras, com a maior quebra observada em Minas Gerais, o principal produtor. A lavoura do café é conhecida pela bienalidade. Isto é, há alternância entre um ano de safra alta e o seguinte, de safra baixa. Neste ano, a bienalidade é de safra baixa. Mesmo assim, será a maior safra de baixa bienalidade da série histórica.
A safra deste ano será 1,1% maior do que a de 2023, a última safra de bienalidade baixa. Boa parte da queda de preços está relacionada ao movimento de colheita, pois há um aumento de oferta no momento. O preço do café no atacado já havia recuado em junho (-11,01%), segundo dados do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e caiu 22,52% em julho. Os índices de preços ao consumidor já captaram esse movimento. Na prévia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de julho, o preço do café recuou 0,36%, mas ainda acumula alta de 76,50%, nos últimos 12 meses, e de 48,72% no ano. No Índice de Preços ao Consumidor da Fipe do mês fechado de julho, que mede a variação das cotações na cidade de São Paulo, o preço do café caiu 3,03% e contribuiu para a deflação de 0,48% do grupo alimentação registrada no período. Os dados disponíveis de preços ao consumidor ainda não pegam muito tempo pós-anúncio do tarifaço, haverá mais informações com o IPCA fechado de julho.
A tributação dos Estados Unidos foi anunciada em 9 de julho, e o efeito no IPCA-15 de julho é de apenas seis dias. Também nos preços dos alimentos no atacado, onde poderia ter sido detectado primeiro o impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos, esse movimento não está claro. Existem movimentos de queda para alguns itens, mas que não podem ser associados à questão da tarifa, já eram tendências. As quedas de preços no atacado de produtos-alvo do tarifaço dos Estados Unidos já vinham ocorrendo e as empresas informantes para apuração do IGP-M não notificaram recuos de preços em razão das taxas, como costumam fazer quando há algo excepcional. Para o IGP-M, a coleta de preços é encerrada no dia 20 de cada mês. Portanto, o indicador de julho foi afetado apenas por 11 dias da ameaça do tarifaço. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.