04/Sep/2025
Segundo a StoneX, as tarifas impostas pelos Estados Unidos às importações de café brasileiro devem alterar o fluxo global de comércio e intensificar a pressão inflacionária sobre o consumidor norte-americano. Essas tarifas representam um grande desafio para a indústria, para os consumidores e para o mercado global. Se continuarem a incidir sobre o café brasileiro, haverá muitas mudanças. A inflação de café torrado e moído nos Estados Unidos já superou 33%, o maior patamar desde o início da série histórica. Esse avanço foi consequência de problemas climáticos que elevaram os preços mundiais. Agora, os impostos norte-americanos tendem a adicionar ainda mais pressão, com expectativa de continuidade do movimento. A taxação deve provocar uma redistribuição dos embarques.
Os Estados Unidos vão buscar mais café da Colômbia, Honduras, Guatemala e outros produtores de arábica. Esses países redirecionariam parte da oferta antes enviada à Europa ou à Ásia para atender os Estados Unidos, que pagarão mais. E o Brasil ocuparia os espaços deixados por eles nesses mercados. Não se trata de abrir novos destinos, mas de trocar volumes e rotas. Nesse processo, outros exportadores venderiam a prêmio, enquanto o Brasil negociaria com desconto. Apesar de um alívio temporário entre maio e julho, quando a colheita brasileira trouxe oferta ao mercado, os preços voltaram a subir em agosto. Após a conclusão da safra, a StoneX revisou para baixo suas estimativas de produção de arábica no Brasil. foram reduzidas as projeções depois da colheita.
Isso atua como fator altista nas bolsas de Nova York e Londres. A situação se complicou com a geada inesperada que atingiu regiões cafeeiras do Cerrado. Levantamento estima perdas de 425 mil sacas de 60 Kg considerando o potencial para 2026, mas o impacto real pode ser maior. As preocupações se estendem ao período de florescimento, com modelos meteorológicos indicando chuvas abaixo da média. Problemas na florada foram o principal fator limitante da produção brasileira de arábica nos últimos cinco anos, reforçando o cenário de oferta apertada. O mercado global opera com estoques baixos, situação que já levou os preços a máximas históricas no primeiro trimestre do ano. No Brasil, a inflação do café chegou a superar 80% e agora opera em torno de 70%. Na Europa, os preços mantêm-se estáveis há meses, mas nos Estados Unidos a pressão continua em alta.
Entidades do setor, nos Estados Unidos e no Brasil, tentam reverter a política tarifária. Segundo a Associação Nacional do Café dos Estados Unidos (National Coffee Association), a indústria norte-americana emprega mais de 2,2 milhões de pessoas e cada dólar gasto com importações gera US$ 43,00 em valor dentro da economia doméstica. O esforço é mostrar aos Estados Unidos que essa medida não é positiva e não ajuda a indústria norte-americana. Por décadas, o café entrou nos Estados Unidos livre de tarifas ou com taxas muito baixas, devido às relações políticas e à ausência de produção doméstica significativa. As tarifas atuais variam de 10% a 50% para os principais fornecedores, marcando uma mudança relevante nas práticas comerciais da commodity. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.