04/Sep/2025
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) destacou junto ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) que Brasil e Estados Unidos são "indispensáveis um ao outro" no comércio de café. O café possui significativa importância social, econômica e cultural tanto para os Estados Unidos quanto para o Brasil. Quando se trata de café, Brasil e Estados Unidos são indispensáveis um ao outro. O café é um dos produtos sujeitos ao tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre produtos importados brasileiros. O Cecafé participou da audiência pública que ocorreu nesta quarta-feira (03/09) na Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos em Washington. O café é um dos produtos sujeitos ao tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre produtos importados brasileiros. A audiência é a primeira promovida pelo USTR no âmbito da investigação, capitaneada pelo USTR, sobre supostas práticas desleais no comércio pelo Brasil com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos Estados Unidos.
Nessa primeira fase do processo, empresas e entidades do setor produtivo brasileiro apresentam sua defesa em uma manifestação oral de cinco minutos. Foi destacado que o Brasil representa mais de 30% do café consumido anualmente pelos Estados Unidos, sendo o seu principal fornecedor. Os Estados Unidos devem consumir 25,5 milhões de sacas de 60 Kg de café, enquanto a produção local atende menos de 0,3% de sua demanda. Já o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, produzido por cerca de 300 mil agricultores, a maior parte familiares, em 39 regiões agrícolas. O café brasileiro é um componente-chave nos blends oferecidos aos consumidores norte-americanos. Seus atributos naturais (aroma, sabor, corpo, acidez e doçura) são distintos e insubstituíveis. Os apreciadores de café esperam essas características.
Dessa forma, marcas tradicionais, ícones da economia norte-americana, podem ser afetadas negativamente ou até mesmo desaparecer se forem forçadas a alterar seus blends. O Cecafé defendeu ainda junto ao USTR que a cadeia cafeeira brasileira é organizada, eficiente e transparente em conformidade com legislação socioambiental, com capacidade para atender às necessidades da indústria norte-americana e do abastecimento diário de café à população local. O café também é de grande relevância para os Estados Unidos. De acordo com um estudo de impacto econômico realizado pela NCA (Associação Nacional do Café), mais de 70% da população norte-americana consome café. Os gastos anuais com café e produtos relacionados chegam a US$ 110 bilhões (US$ 301 milhões por dia) e o café representa mais de 8% do valor total da indústria de foodservice dos Estados Unidos.
Foi citado ainda que a indústria cafeeira dos Estados Unidos gera mais de 2,2 milhões de empregos e mais de US$ 101 bilhões em salários. Outro argumento utilizado foi de que para cada US$ 1,00 gasto em café importado, US$ 43,00 adicionais são injetados na economia norte-americana. No total, o setor gera US$ 343 bilhões anualmente, o equivalente a 1,2% do PIB do país. Por fim, foram apresentados os impactos da sobretaxa de 50% sobre o café brasileiro para a economia norte-americana. O Cecafé argumentou ao USTR que a tarifa vai gerar aumentos significativos no preço do café e na inflação, já que os custos adicionais tendem a ser repassados aos consumidores. Os preços do café nos Estados Unidos já estão aumentando, assim como os preços nas bolsas internacionais de café, mostrando aumento de mais de 35% nas cotações internacionais do café desde 31 de julho.
Este aumento contínuo e sem precedentes de preços impactará diretamente os consumidores de café dos Estados Unidos. O Cecafé concluiu a manifestação pedindo isenção tarifária para o café, já que é um bem não cultivado nos Estados Unidos. Para que os norte-americanos possam continuar a desfrutar de uma xícara de café brasileiro a preços acessíveis, como faz há décadas. O Cecafé apresentou também ao USTR uma manifestação escrita em 18 de agosto. Para o Cecafé, a investigação capitaneada pelo Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) tem possibilidades restritas de defesa. A investigação comercial 301 impõe desafios ao Brasil porque é uma forma de se julgar esse tema com possibilidades restritas de defesa. A investigação tem esse papel de que, caso as tarifas sejam canceladas pela Justiça, já há precedentes. Após concluir a investigação, o USTR pode deliberar pela aplicação de sanções ao Brasil como tarifas adicionais ou restrições a segmentos específicos.
Entidades do setor produtivo já enviaram manifestação por escrito sobre as acusações feitas pelo USTR. Nessa primeira fase do processo, empresas e entidades do setor produtivo brasileiro apresentam sua defesa em uma manifestação oral de cinco minutos, que deve ser precedida de outra manifestação por escrito. A entidade voltou a defender que o café entre na lista de exceções ao tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre o Brasil. Hoje, não existe um processo aberto para ampliar a lista de exceção até pelo momento de incerteza de turbulências políticas, mas é possível no médio prazo consolidar essa agenda. O maior benefício do café brasileiro nos Estados Unidos é para o consumidor. A escalada tarifária gerou incertezas no mercado global de café, com aumento de 35% do preço nas bolsas internacionais e de R$ 500,00 por saca de 60 Kg do tipo arábica no Brasil. Isso gera a desestruturação do mercado. É preciso atenuar esses impactos o mais breve possível. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.