04/Sep/2025
Segundo o Rabobank, apesar da expectativa de maior oferta global de café em 2026, com destaque para produção de Brasil e Vietnã, os fundamentos de curto prazo continuam sustentando os preços. Os estoques nos países consumidores continuam baixos, e o superávit global projetado para 2025/2026 é de apenas 1,4 milhão de sacas de 60 Kg, o quinto ano seguido de aperto. Além disso, as exportações desaceleraram recentemente, no Brasil e no Vietnã, que entra agora em sua entressafra. O cenário geopolítico também adiciona incertezas, com destaque para os conflitos no Mar Vermelho, tarifas norte-americanas e o Regulamento Anti-Desmatamento (EUDR) da União Europeia, que entra em vigor no fim deste ano.
Desde o anúncio das tarifas norte-americanas, em 9 de julho, os estoques certificados na Bolsa de Nova York já recuaram mais de 120 mil sacas de 60 Kg, uma queda de 15%. Nos portos norte-americanos, a redução foi de 41%, enquanto nos portos europeus foi de apenas 12%. Diante do cenário atual, espera-se que a tendência de queda nos estoques certificados continue. No curto prazo, a indústria norte-americana deve consumir os estoques atuais (cerca de 60 dias) antes de retomar as compras, na expectativa de uma renegociação. Uma alternativa seria o uso de armazéns alfandegados, onde o café pode ser armazenado sem pagamento imediato de tarifas. A substituição completa do café brasileiro é improvável, mas a competitividade do Brasil foi significativamente afetada com a medida.
A EUDR impulsionou importações antecipadas em 2024, e é possível que haja um comportamento semelhante no segundo semestre de 2025. Isso dependerá do nível de conformidade e da postura dos importadores. Dados dos estoques europeus indicam acúmulo de estoques nos últimos meses. A colheita brasileira 2025/2026 está praticamente concluída, com relatos de problemas significativos de rendimento no arábica. Neste contexto, o RaboResearch projeta uma queda de 14% em relação a 2024/2025, para 38,1 milhões de sacas de 60 Kg. O conilon deve compensar parcialmente, com uma estimativa de 24,7 milhões de sacas de 60 Kg. Em agosto, geadas atingiram algumas regiões produtoras de café arábica. Embora os danos tenham sido isolados na maioria das áreas, no Cerrado Mineiro (MG) os impactos parecem ter sido mais severos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.