30/Sep/2025
Segundo o BTG Pactual, as chuvas de setembro são mais que bem-vindas aos cafezais brasileiros, mas ainda não são condição suficiente para declarar uma recuperação de oferta no País. Em um mercado global ainda apertado, a forte sensibilidade climática dos cafezais no Brasil deve continuar alimentando a volatilidade nos preços físicos e futuros. Crucial, portanto, é se atentar ao pêndulo de momentum mês a mês: neste instante, a visão de mercado para a oferta 2026/2027 é construtiva. O ciclo do café arábica no Brasil segue um calendário anual que começa com a florada entre setembro e novembro, estimulada pelo retorno das chuvas após um período seco.
Essa fase é decisiva para a definição da produtividade, pois a abertura uniforme das flores depende de chuvas bem distribuídas e temperaturas amenas. Entre novembro e janeiro, ocorre a fixação e o início do crescimento dos frutos (“chumbinhos”), etapa altamente sensível à falta de água, exigindo umidade constante do solo e ausência de temperaturas extremas. De fevereiro a abril, os frutos entram em rápida expansão e enchimento, demandando chuvas regulares, mas sem excesso, e temperaturas moderadas. Por fim, a maturação ocorre entre maio e julho, coincidindo com a diminuição das chuvas e a chegada do período seco, condição ideal para uniformidade, qualidade da bebida e eficiência na colheita.
A colheita se concentra entre maio e agosto, variando conforme a região, e deve ocorrer sob clima seco para reduzir perdas e custos de secagem. Com relação à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos importados do Brasil, o BTG avaliou que, na eventualidade de uma zeragem de tarifa sobre o café, o consenso atual é por uma redução da pressão compradora sobre os contratos futuros e um restabelecimento das compras do café brasileiro que, por ora, estão on hold, no aguardo de alguma conciliação entre Brasil e Estados Unidos. Algumas torrefadoras nos Estados Unidos ainda contam com estoques de origem brasileira até novembro, mas temem a manutenção da tarifa por causa da dificuldade em mudar o blend por uma questão de gosto do consumidor final.
Nesse cenário, correções baixistas nos futuros da Bolsa de Nova York podem ensejar novas compras para hedge do custo de originação e acesso aos estoques certificados remanescentes. Sobre o Vietnã, maior produtor mundial de café robusta, as Central Highlands, principal região produtora do país, receberam chuvas fortes recentemente, causando preocupação com possíveis inundações, embora o impacto ainda seja incerto. Previsões indicam mais chuvas e tempestades nos próximos dias. O país segue em alerta com a possível passagem do supertufão Ragasa. Com relação à produção, a safra 2025/2026 deve alcançar cerca de 31 milhões de sacas de 60 Kg, um aumento de 7% a 8% em relação ao ciclo anterior, sustentado pelos altos preços do café, que permitiram maior investimento em insumos agrícolas.
Com relação à Colômbia, segundo maior produtor de arábica do mundo, atrás do Brasil, produtores e exportadores do norte informaram atrasos na safra principal, embora volumes intermediários, inesperados a essa altura, tragam algum alívio. Estimativas locais indicam queda de 13% na produção do segundo semestre de 2025 em relação a 2024, o que pode resultar em retração anual de cerca de 5%. O recuo é atribuído à saturação do solo, floradas irregulares, ferrugem e envelhecimento dos cafezais. Diante disso, os produtores mais capitalizados iniciaram renovações expressivas nas lavouras. Para 2026, o sentimento é de um otimismo cauteloso, apoiado na possibilidade de eleições favorecerem políticas comerciais alinhadas aos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.