15/Dec/2025
A Hedgepoint Global Markets divulgou na sexta-feira (12/12) sua primeira estimativa para a safra brasileira de café 2026/2027, cuja colheita começa entre meados de abril e maio de 2026. A produção total deve alcançar entre 71 milhões e 74,4 milhões de sacas de 60 Kg. Desse total, a colheita de arábica pode atingir entre 46,5 milhões e 49 milhões de sacas de 60 Kg, acima das 37,7 milhões de sacas de 60 Kg projetadas para 2025/2026. A safra de conilon (robusta) está estimada entre 24,6 milhões e 25,4 milhões de sacas de 60 Kg, em comparação com a previsão de 27 milhões de sacas de 60 Kg na temporada anterior. Percentualmente, a safra de arábica deve ser de 23,3% a 30% maior ante 2025/2026, impulsionada por novas áreas, bom manejo e ciclo bienal positiva em diversas lavouras, apoiada por clima favorável após meados de outubro, embora a produtividade ainda seja desigual entre regiões. A produção de conilon pode apresentar recuo de 8,9% a 5,9% em comparação com 2025/2026, após ciclo excepcional, parcialmente compensado por expansão e renovação de áreas desde 2023.
As chuvas de outubro e novembro favoreceram a floração do arábica, enquanto o conilon manteve bom desenvolvimento nas principais regiões produtoras, ainda que o volume deva ficar abaixo do pico da safra 2025/2026. De agosto ao início de outubro, a seca atrasou a floração e causou perdas nas primeiras floradas em parte das áreas. A partir de meados de outubro, volumes mais robustos de chuva retornaram às regiões de arábica, permitindo uma segunda floração e restaurando expectativas para 2026/2027. Houve aumento de podas em áreas com plantas danificadas que não haviam sido podadas na última temporada em virtude dos preços elevados. Ao mesmo tempo, segue o investimento em novas áreas, cujos resultados se tornarão mais visíveis nos próximos anos. No conilon, a consistência das precipitações e bons níveis de reservatórios no Espírito Santo e na Bahia favorecem a floração e o enchimento dos grãos. Com a recuperação no arábica e uma produção de conilon ainda elevada, a safra 2026/2027 tende a contribuir para recomposição dos estoques globais.
Entretanto, números mais certeiros virão após a fase de enchimento dos grãos (dezembro a março), mantendo o mercado sensível a qualquer adversidade climática e propenso à volatilidade. O sentimento recente ficou mais baixista diante da perspectiva de maior produção brasileira e da remoção da maioria das tarifas dos Estados Unidos sobre o café brasileiro, ainda que a condição dos estoques e menor exportações brasileiras possam trazer suporte no curto prazo. Revisões na estimativa serão publicadas entre março e abril, quando os rendimentos de processamento poderão ser avaliados com maior precisão. A safra 2026/2027 deve marcar um ponto de inflexão para o mercado. Apesar do recuo natural no conilon após um ciclo histórico, a expansão de áreas e a regularidade das chuvas sustentam um quadro positivo. Até ser concluída a fase do enchimento dos grãos, os preços seguirão sensíveis ao clima no Brasil e aos níveis dos estoques nos destinos, o que pode causar janelas de volatilidade e oportunidades. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.