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23/Mai/2023

Entrevista: Jean Paul Prates - presidente da Petrobras

Na mesma semana em que anunciou uma nova política comercial, reduziu significativamente o preço dos combustíveis e viu frustrada a sua intenção de explorar a Margem Equatorial, o ex-senador Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, revelou planos de uma estratégia futura para a empresa. Segundo ele, em três décadas, todas as refinarias estarão produzindo biocombustíveis e hidrogênio. Além disso, há o interesse de entrar na geração eólica offshore (cuja fonte de energia é obtida através da força do vento em alto-mar). O executivo deixa em aberto também a possibilidade de voltar a investir no exterior. Segue a entrevista:

Quais são os planos da Petrobras para os parques eólicos offshore?

Jean Paul Prates: A gente daqui a 30 anos vai ser uma empresa de quê? Vai ter parque offshore porque você é uma offshore company, então, para nós, fazer eólica no mar é brincar de playmobil. Quem faz uma sonda, uma FPSO (navio-plataforma), eólica offshore é um passeio.

É possível a empresa explorar essa fonte também fora do Brasil?

Jean Paul Prates: Pode ser, eu não acho que seria necessário, mas pode ser sim. Não como operador, mas como sócio de alguém. Eu tenho experiência de transitar do petróleo para eólica e posso dizer que o setor elétrico é mais simples que o de petróleo. Nos contratos, nos negócios, na tecnologia, na operação, na fabricação e na discussão regulatória. O setor elétrico é mais fácil de trabalhar e, arrisco dizer, até que há uma certa ingenuidade do ponto de vista da preparação dos agentes econômicos. É um setor que está aprendendo a voar voando, tipo filhote de passarinho mesmo, sendo jogado fora do ninho.

Com o processo de venda das refinarias suspenso, como vê o futuro das refinarias da Petrobras?

Jean Paul Prates: De repente você vai para o desafio de produzir óleo vegeta. Biodiesel eu conheço, mas botar óleo vegetal e do outro lado sair diesel, especificado como diesel, e sem ser perecível como é o diesel R, quem pensava nisso? Mas isso vai estar no futuro? Vai, daqui a 30 anos certamente todas as nossas estruturas de refino vão estar processando óleo vegetal em diesel não perecível.

Esta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que pode haver outra redução de preços do diesel e da gasolina em julho, como forma de reduzir o impacto da volta do ICMS. O senhor confirma?

Jean Paul Prates: Pode ter em junho/julho. A gente conversou, mas isso não é certo, a gente não deixou gordura para queimar com imposto. A gente vai ver se pode haver um pouco mais de espaço, se houver redução de preço do petróleo. Lembre-se que, apesar da gente se livrar do PPI, que é paridade de importação, a gente não baniu a referência internacional. Chegando lá, se a gente puder vai reduzir, porque isso nos interessa como vendedor, quando ocorrer a reoneração do ICMS.

Como assim?

Jean Paul Prates: Foi a solução simplista que o governo anterior deu à questão. Se você quer baixar preço de vestuário, é só baixar a alíquota do imposto. Se quiser abaixar o preço da comida, é só baixar o imposto. Governar assim vai ser super popular, mas no dia seguinte não tem dinheiro para nada.

Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.