30/Oct/2024
Segundo o Itaú BBA, o setor sucroenergético brasileiro deve alcançar nesta safra seu nível mais baixo de endividamento dos últimos dez anos. A dívida média por tonelada de cana-de-açúcar deve encerrar a safra 2024/2025 em R$ 103,00 por tonelada menor valor desde os R$ 104,00 por tonelada registrados na temporada 2013/2014. Isso reflete a recuperação acelerada das finanças do setor nos últimos cinco anos. O pico da dívida ocorreu em 2019/2020, quando estava em R$ 138,00 por tonelada, e a tendência é de queda contínua. A projeção é atingir R$ 86,00 por tonelada na safra 2025/2026. O bom desempenho resulta de preços favoráveis para açúcar e etanol, juntamente com melhorias em governança e gestão de riscos. Observou-se, nos últimos anos, uma disciplina de capital crescente no setor, com investimentos mais criteriosos. As empresas conseguiram reduzir suas dívidas e recuperar seus resultados. Além disso, mesmo com algumas oscilações, os preços dos produtos aumentaram desde 2020.
Outro fator importante foi a renovação dos canaviais, que nos últimos anos superou 17%, um índice elevado comparado aos 13% registrados anteriormente. Essa renovação reforça a governança do setor e é um indicador diferente do cenário visto no passado. O relatório do Itaú BBA, que abrange 53 grupos responsáveis por cerca de 60% da moagem de cana-de-açúcar do Centro-Sul, destaca também uma trajetória de redução na alavancagem: após atingir 4,0 vezes o Ebitda em 2014/2015, o índice deve encerrar a safra atual em 1,1 vez, com possibilidade de cair para 1,0 em 2025/2026. Esse progresso reforça a posição das usinas no mercado, com 40 grupos exibindo caixa 1,5 vez superior às dívidas de curto prazo, o que reduz os custos financeiros e impulsiona a geração de Ebitda, fortalecendo o setor para os próximos anos. A melhoria financeira foi impulsionada por uma geração de caixa crescente e linhas de crédito estruturadas de longo prazo, que ampliaram o prazo médio das dívidas.
Outro destaque do estudo é o maior acesso ao mercado de capitais, com a participação do crédito ao setor crescendo de 13% em 2019/2020 para 22% em 2023/2024, demonstrando uma carteira mais robusta desde o período pré-pandemia. No igual período, o Itaú BBA aumentou sua exposição no setor, com sua carteira subindo de 14% para 22% do total. A carteira, que era de R$ 10,2 bilhões, alcançou R$ 22 bilhões, com foco em financiamentos para renovação de canaviais e expansão de fábricas de açúcar. Com uma situação financeira mais sólida e alta liquidez, as usinas devem iniciar uma nova fase de investimentos, voltados para a renovação dos canaviais, ampliação de ativos imobilizados e construção de novas fábricas de açúcar, projetos de biogás e etanol de milho. Os últimos anos foram de remuneração extremamente positiva no setor, e as perspectivas para os próximos anos são muito boas.
A oferta controlada no mercado de açúcar e políticas como o programa Combustível do Futuro incentivam a expansão do mercado de etanol e outros biocombustíveis, fomentando uma série de novos investimentos. A continuidade dos investimentos em renovação dos canaviais deve ser uma prioridade para o setor, principalmente após os efeitos negativos das condições climáticas adversas dos últimos meses, incluindo incêndios em áreas produtivas. Essas condições exigem que as usinas estejam preparadas, com canaviais mais robustos e jovens, que possam resistir melhor a eventos climáticos extremos. O investimento em canaviais é fundamental para sustentar o setor diante de desafios ambientais. Outro movimento esperado é o de consolidações regionais, por meio de aquisições. É improvável que ocorra uma nova onda de construção de usinas de cana-de-açúcar. No entanto, pode haver uma temporada de movimentações estratégicas, com grupos financeiramente sólidos adquirindo empresas vizinhas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.