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28/Oct/2025

Petróleo: geopolítica interfere na formação de preço

A geopolítica tem ganhado protagonismo na formação de preços do petróleo, à medida que cresce a ocorrência de conflitos simultâneos ao redor do globo, que vão da esfera militar à comercial. Guerras, disputas tarifárias, desencontros políticos, combate às drogas e sanções fazem parte de uma extensa lista de fatores que têm movimentado as expectativas de oferta e demanda e influenciado as negociações da commodity no mercado internacional. Neste contexto, a dinâmica recente entre os Estados Unidos e a Venezuela se destacada como um "ponto de atenção". Segundo a StoneX, a situação da Venezuela vem sendo observada pelo mercado com "muita cautela". Em caso de uma ofensiva mais direta sobre território venezuelano, é possível ver uma situação em que o mercado passe a se preocupar não apenas com a produção venezuelana, como também com as dos países que se encontram próximos à Venezuela, incluindo do Brasil e Argentina.

Esses são os principais drivers de crescimento da oferta fora da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep). Então, esse é um ponto de atenção. O mercado ainda considera "improvável" uma ação direta dos Estados Unidos sobre a Venezuela. A oferta de petróleo por países aliados da Opep é um dos fatores que têm feito os preços da commodity oscilarem em patamares amplos em 2025. As cotações variaram na faixa de US$ 60,00 a US$ 80,00 por barril neste ano, e analistas veem a possibilidade de a commodity terminar 2025 abaixo de US$ 60,00 por barril, apesar dos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio. A projeção da StoneX é de uma retração média de 14% no preço do petróleo em 2025 e de 8,7% em 2026, com um superávit no balanço global de petróleo até 2026.

A Capital Economics destaca que, diante das novas restrições dos Estados Unidos às petrolíferas da Rússia, há uma grande incerteza do destino dos fluxos de petróleo russo, ainda mais levando em consideração que a Rússia tem conseguido desviar das sanções existentes. O que acontecerá com os fluxos de petróleo russo dependerá em grande parte de quanto tempo as sanções permanecerão em vigor, da medida em que as sanções são rigorosamente aplicadas e se o mercado de petróleo se ajusta e é capaz de absorver qualquer interrupção. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que a contribuição da Rússia para o balanço energético global é "muito significativa" e que discutiu com seu homólogo norte-americano, Donald Trump, o impacto da situação do fornecimento do petróleo russo sobre os preços globais. "O setor energético da Rússia está confiante, embora certas perdas sejam esperadas", afirmou.

Para a Eurasia, apesar da crescente pressão sobre a Rússia, é improvável que uma interrupção devido ao risco geopolítico compense a trajetória descendente dos preços do petróleo. A consultoria projeta que os preços do petróleo se concentrem na faixa de US$ 55,00 a US$ 65,00 por barril até o final deste ano e permaneçam nesse intervalo até o primeiro trimestre de 2026, à medida que o aumento da oferta supera o lento crescimento da demanda. Além da Rússia, neste momento, questões sobre o Irã e sobre a Venezuela ainda permanecem suspensas aos olhos do mercado. Os Estados Unidos intensificarão as medidas para pressionar o presidente venezuelano, Nicolás Maduro. No entanto, é improvável que a ação norte-americana inclua tropas em terra ou ataques a instalações de exportação de petróleo, devido aos interesses de empresas privadas norte-americanas em manter o acesso ao petróleo bruto venezuelano. Em uma perspectiva de curto prazo, os fatores geopolíticos e macroeconômicos possuem um peso sobre as cotações.

No entanto, na perspectiva de longo prazo, esses aspectos podem ser absorvidos, também diante da compreensão dos investidores sobre os impactos deles. O prêmio de risco de oferta no Oriente Médio começou a "derreter" com o fim do conflito direto entre Israel e Irã, que arrefeceu as preocupações sobre uma possível pausa nos fluxos de petróleo pelo Mar Vermelho. A situação, que aconteceu antes do acordo de paz em Gaza, direcionou as atenções do mercado para o conflito no Leste Europeu, justificando o porquê de os preços terem tido uma alta expressiva na última semana, após a aplicação de sanções dos Estados Unidos contra a Rússia. Entretanto, a Oxford Economics avalia que há pouco espaço para novos ganhos da commodity, dadas as preocupações com o excesso de oferta. A expectativa da consultoria para o preço médio do Brent é de US$ 64,00 por barril em 2026. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.