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28/Oct/2025

Etanol: expansão do milho força virada ao açúcar

Segundo a StoneX, a rápida expansão da produção brasileira de etanol de milho marca um ponto de virada para o setor e deve alterar o equilíbrio entre etanol e açúcar nos próximos anos. A oferta crescente tende a pressionar os preços do biocombustível e levar as usinas do Centro-Sul a direcionarem mais cana-de-açúcar para a fabricação de açúcar a partir de 2026. O mercado de etanol no Brasil está em transformação. A produção a partir do milho tem margens que, em alguns casos, são três ou quatro vezes superiores às do etanol de cana-de-açúcar. A rentabilidade maior impulsionou a instalação de novas plantas industriais, sobretudo em Mato Grosso e nas novas fronteiras agrícolas do Norte e Nordeste. O Brasil tem hoje 30 usinas de etanol de milho em operação, das quais 17 em Mato Grosso, maior produtor de milho do País. Os novos projetos estão concentrados em Maranhão, Piauí e Bahia, onde a produção de milho vem crescendo fortemente, e o etanol de milho segue esse aumento. A ampliação da oferta tornará o etanol mais competitivo em regiões historicamente dominadas pela gasolina.

No Centro-Sul, especialmente em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, o mercado já é consolidado. Mas, no Norte e Nordeste, onde o etanol costuma ser menos competitivo, essa expansão deve mudar o cenário nos próximos anos. Apesar da perspectiva de oferta farta, a projeção é de preços elevados para o fim de 2025 e início de 2026, reflexo de uma produção menor de etanol de cana-de-açúcar e de estoques reduzidos. A safra atual está cerca de 15% abaixo da anterior, afetada por queimadas em 2024, menor teor de açúcares recuperáveis e maior destinação de cana-de-açúcar ao açúcar. O açúcar está pagando mais que o etanol no mercado brasileiro, mas essa diferença tem diminuído. Os estoques de etanol estão mais de 25% abaixo do nível de 2024, e o aumento da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina (de 27% para 30% desde agosto) adiciona pressão. Esse fator deve levar os preços a máximas recordes no final de 2025 e início de 2026. O novo mandato representa mais 700 milhões de litros de etanol a serem misturados à gasolina na safra 2026. O governo já estuda elevar a mistura para até 35%, o que ajudaria a absorver o excedente esperado de etanol de milho nos próximos anos.

Para 2026, a StoneX projeta safra recorde de etanol no Centro-sul, sustentada justamente pelo milho e prevê alta de impostos sobre a gasolina, compensada por recuo nos preços internacionais do petróleo. No longo prazo, a tendência é de que a queda estrutural dos preços do etanol de milho pressione as usinas canavieiras a privilegiarem o açúcar. Como as plantas de milho têm margens até quatro vezes maiores, conseguem sustentar preços muito mais baixos por longos períodos. Isso leva as usinas de cana-de-açúcar a redirecionarem a produção para o açúcar, movimento já visto neste ano e que deve se repetir em 2026 e 2027. O açúcar segue remunerando melhor que o etanol no mercado brasileiro, ainda que a diferença tenha diminuído em 2025 com a queda das cotações internacionais. Por causa dessa tendência de longo prazo, de o etanol de milho puxar os preços para baixo, as usinas vão ampliar o mix açucareiro nos próximos anos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.