24/Nov/2025
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, reforçou que o afastamento dos combustíveis fósseis é uma “necessidade”, repetindo a linguagem multilateralmente estabelecida sobre o processo de transição energética. "Não haverá solução sem uma transição justa para longe dos combustíveis fósseis", avaliou durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30). Ele conclamou os países a uma nova coalizão para energia verde e ressaltou que em todas as negociações sempre há fase de divergências. Na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi fechado acordo que propôs pela primeira vez a "transição em direção ao fim dos combustíveis fósseis". O texto menciona expressamente que os países devem mudar os seus sistemas energéticos “de forma justa, ordenada e equitativa”.
O documento também insta os 198 países-membros da convenção a acelerarem a ação nesta década crítica para atingir a neutralidade de carbono até 2050, segundo a ciência. O “como fazer” é o que ainda está pendente. Os orçamentos soberanos, dos países, são limitados. Nesse caso, o setor privado, mercados financeiros e bancos multilaterais precisam aumentar a participação no processo de financiamento climático. Guterres defendeu ainda equilíbrio entre adaptação e mitigação. O primeiro trata da capacidade de buscar preparo para conviver com os impactos do clima em mudança. O segundo é a própria redução das emissões de gases de efeito estufa.
Um grupo de cientistas divulgou na sexta-feira (21/11) um comunicado criticando fortemente a ausência do chamado "mapa do caminho" para o afastamento dos combustíveis fósseis no rascunho de um dos textos centrais resultantes das negociações no âmbito da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30). O grupo fala em “traição à ciência”. O tema, pela expectativa, deveria ser tratado no documento cunhado como “Decisão Mutirão”, que reúne justamente os pontos mais sensíveis que não constavam da agenda inicialmente prevista para discussão oficial entre países. Um número próximo de 80 países se uniu em torno da ideia de um roteiro para acabar ou reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Contudo, as palavras "combustíveis fósseis" estão ausentes do texto mais recente.
“Isso é uma traição à ciência e às pessoas, especialmente aos mais vulneráveis, além de totalmente incoerente com os objetivos reafirmados de limitar o aquecimento a 1,5°C e com o quase esgotamento do orçamento de carbono", diz o comunicado. O posicionamento é assinado por Carlos Nobre, do Science Painel of the Amazon; Fátima Denton, da United Nations University; Johan Rockström, do Potsdam Institute for Climate Impact Research; Marina Hirota, do Instituto Serrapilheira, Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo; Piers Forster, da University of Leeds; Thelma Krug, Presidente do Conselho Científico da COP30. “É impossível limitar o aquecimento a níveis que protejam as pessoas e a vida sem eliminar os combustíveis fósseis.” Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.