15/Mai/2019
A economia brasileira já começa a sentir os primeiros impactos da Peste Suína Africana (PSA), que desde agosto de 2018 obrigará a China a sacrificar entre 150 milhões e 200 milhões de suínos e pode derrubar em 35% a produção de carne suína do maior produtor e consumidor mundial dessa proteína. No mês passado, as exportações brasileiras de carne suína para a China atingiram US$ 35,8 milhões. Foi o maior valor mensal vendido para o país desde o início da série histórica, em 1997. O resultado está 42% acima do obtido com exportações em abril de 2018. A China aumentou muito as importações de suínos e frangos porque a oferta de proteína está menor por causa da PSA. Desde fevereiro, a China passou a Arábia Saudita como o maior comprador de frango brasileiro.
No mês passado, a China se consolidou como o principal importador de suínos e de frangos, respondendo por 28% e 12%, respectivamente, das exportações brasileiras desses produtos. Ainda não há projeções do impacto no aumento das exportações desses dois produtos, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que reúne a cadeia de frangos e suínos. Como o frango tem ciclo de produção bem mais curto, ele pode ajudar a suprir mais rapidamente a demanda por proteína. Cada chinês consome 40 quilos de suínos por ano. As exportações brasileiras de suínos em 2018 somaram 646 mil toneladas e o País foi quarto maior em vendas externas, atrás da União Europeia, EUA e Canadá. Para este ano, a expectativa é que ultrapasse 900 mil toneladas. Mas há fatores que jogam contra a um aumento repentino da oferta brasileira. O primeiro é próprio ciclo de produção de suínos, que é longo. O tempo entre a gestação de uma matriz e o primeiro filhote pronto para abate é de um ano.
O segundo fator é que a China só compra produtos de frigoríficos habilitados. Atualmente apenas 9 frigoríficos brasileiros são autorizados a exportar para lá. Essa é uma grande oportunidade para o Brasil porque a produção chinesa de suínos não deve ser recomposta antes de dois a três anos. Com a epidemia de gripe aviária em 2005, o Brasil se transformou no maior exportador de carne de frango do mundo. Essa pode ser a chance de o País repetir a história com os suínos, pois a produção brasileira tem custos competitivos. Enquanto a Peste Suína se alastra pela China e outros países da Ásia, os suinocultores de Santa Catarina, o maior Estado produtor e exportador, aproveitam a alta de preços.
Desde fevereiro, a remuneração para os suinocultores independentes, que não estão ligados a um frigorífico, subiu 33%. Já os produtores integrados, que estão vinculados a uma indústria de carnes, tiveram os preços reajustados em 20%. O preço das matrizes subiu entre 20% e 30%. O preço da carne suína no atacado subiu 17,1% este mês. O outro lado da moeda da crise na produção chinesa de suínos é a redução da exportação brasileira da soja em grãos, usada na ração dos animais. A Abiove, que reúne a indústria de soja, projeta queda de US$ 2,1 bilhões na receita de exportação do grão para o país este ano. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.