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16/Feb/2024

Boi: oferta supera a demanda e pressiona cotações

A divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o número de bovinos abatidos em 2023 confirma o que os preços já mostraram: a oferta dos pecuaristas superou a demanda dos frigoríficos, levando ao ajuste negativo dos preços ao longo do ano. Os dados ainda preliminares mostram que foram abatidas no ano passado 33,9 milhões de cabeças (machos e fêmeas), total que se aproxima do recorde de 2013, na marca de 34,4 milhões de bovinos. No comparativo com 2022, o aumento é de 13,2%. Especificamente no quarto trimestre de 2023, os números de abates ultrapassaram as 9 milhões de cabeças, número recorde para um trimestre, superando em 20% o resultado do quarto trimestre de 2022. O aumento da oferta de bois para abate impactou nos valores negociados no ano passado.

O preço médio do boi gordo em São Paulo registrou queda de 12% no acumulado do ano passado, em termos reais, encerrando dezembro a R$ 247,96 por arroba. Os frigoríficos até apresentaram, e seguem apresentando, boa demanda para exportação, mas este segmento, que absorve pouco mais de um quarto da carne bovina brasileira (cerca de 26% em 2023), não teve fôlego para sustentar os preços diante da oferta que vinha do campo. Seria necessária uma reação da demanda dos brasileiros, mas a renda não lhes permitiu elevar o consumo que se mantém parcialmente reprimido. Do lado da oferta de bovinos, o aumento em 2023 reflete ações aparentemente contraditórias dos pecuaristas.

Por um lado, os produtores têm feito investimentos consistentes em melhoramento genético do rebanho, em alimentação e manejo, ao mesmo tempo em que outros optam por descartar fêmeas, desanimados com os preços dos bezerros. Dados mostram que essa categoria está em tendência de desvalorização há cerca de três anos. De fevereiro/2021 até agora, o Indicador do Bezerro ESALQ/BM&F caiu quase 30%. Ao longo de 2023, segundo o IBGE, a percentagem de fêmeas no total esteve acima de 40% em diversos meses, chegando a 49% em março, período em que sazonalmente ocorre o maior descarte de vacas. Vale notar que a participação de novilhas atingiu 14% nos meses de abril e maio de 2023, neste caso, puxada pela demanda chinesa por bovinos jovens (independentemente de macho ou fêmea). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.