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22/Feb/2024

Boi: produção brasileira de carne recorde em 2023

A produção de carne bovina foi recorde em 2023, o que explica o comportamento predominantemente em queda dos preços do boi gordo e da carne no atacado ao longo do ano. No total, foram produzidas 8,91 milhões de toneladas, 11,2% a mais que em 2022 e 8,6% acima do recorde anterior, obtido em 2019. Esses dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em sua publicação ainda preliminar sobre o número de bovinos abatidos e sobre o peso total das carcaças no quarto trimestre de 2023. Em termos absolutos, o volume de carne aumentou em 900 mil toneladas frente a 2022, ao passo que a exportação foi ampliada em apenas 22,8 mil toneladas, para 2,29 milhões de toneladas, absorvendo 25,7% da produção nacional.

O excedente ficou no mercado interno, exigindo redução dos preços para que fosse atingido o ponto de equilíbrio com a demanda. Ao longo de 2023, o preço médio do boi gordo em São Paulo recuou 12%, e a carcaça casada de boi no atacado se desvalorizou cerca de 9%. O volume de carne foi histórico, mas a produtividade média do rebanho nacional (boi, vaca, novilho e novilha) na marca de 262,97 Kg/bovino, ou de 17,5 arrobas, ficou um pouco abaixo da obtida nos últimos dois anos. Os motivos não são estruturais, são de conjuntura. Refletem a combinação de estiagem em muitas regiões produtoras com certa desaceleração dos confinamentos diante dos preços altos dos grãos. A produtividade de 2023 foi 1,7% menor que a de 2022 e 2,7% inferior ao recorde de 2021.

O número de cabeças abatidas no ano em que se obteve a máxima produtividade (2021) foi o menor desde 2004, mas o peso médio (incluindo todos os bovinos abatidos) chegou a 270,2 Kg/bovino (18 arrobas); no quarto trimestre/2021, atingiu 281,6 Kg/bovino (18,8 arrobas). Essa produtividade refletiu uma conjuntura bem particular. Em 2021, a oferta de bovinos teve uma queda em função dos abates de fêmeas em 2018 e 2019 ao mesmo tempo em que a China vinha intensificando suas compras e puxando os preços, motivando pecuaristas a reforçar os investimentos, principalmente em genética e nutrição. Houve também aumento do volume confinado. Foi o boom do confinamento! Analisando-se apenas os dados do quarto trimestre de 2023 (outubro a dezembro), foram produzidas 2,407 milhões de toneladas de carne bovina, o melhor trimestre do ano, superando em 1,1% o anterior e em 1,8% o de um ano atrás.

Em termos de produtividade, o quarto trimestre teve média 266,04 Kg/bovino, a oitava maior marca para um trimestre, no compasso consistente dos meses anteriores. Numa perspectiva mais ampla, vê-se que o peso médio vem aumentado em resposta aos investimentos que muitos pecuaristas têm feito em aprimoramento da genética, em pastagens, suplementação e sanidade. O patamar é favorecido também por bois de confinamentos, por vezes abatidos acima de 20 arrobas. A expansão dos confinamentos e a profissionalização dessas estruturas têm alterado o perfil da pecuária nacional. São encontrados confinamentos com bovinos apenas da própria empresa e confinamentos que prestam serviço de engorda ou só de terminação a dezenas de pecuaristas, os chamados “boitéis”.

Em geral, contam com profissionais de primeira linha para que seja oferecida alimentação bem balanceada, manejo eficiente e comercialização tanto dos insumos (comprados) quanto da produção final (vendida) com os melhores instrumentos de mercado. A própria robustez da demanda por insumos quanto da oferta de bois que detêm elevam a eficiência de suas negociações. Confinamentos costumam produzir lotes mais padronizados e com boa qualidade, envolvendo grande número de bovinos e a custos de transação e logístico menores para os frigoríficos. O esforço que os compradores tinham para negociar com dezenas de pecuaristas, principalmente para formar lotes destinados à exportação, diminui bastante quando negociam com alguns grandes confinadores.

Ao mesmo tempo, esses ofertantes adquirem maior poder de negociação que um pecuarista tradicional. O exercício dessas “forças” vai definindo traços importantes do perfil atual da pecuária, influenciando também o que ainda é chamado de modelos mais tradicionais de produção e comercialização. As exportações de carne bovina in natura registraram ritmo forte nos primeiros 10 dias úteis de fevereiro. Os embarques diários atingiram média de 10,49 mil toneladas até o dia 16 de fevereiro, totalizando 104,91 mil toneladas já embarcadas em fevereiro. No mesmo mês do ano passado, o volume diário foi de 7,02 mil toneladas, somando 126,39 mil toneladas no período. Se mantido o número de embarques diários até o final do mês, as exportações podem se aproximar das 200 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.