ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

23/Feb/2024

Leite: semente do algodão na dieta de vacas leiteiras

O caroço de algodão é um subproduto da indústria da fibra do algodão amplamente utilizado como fonte de energia e proteína na dieta de bovinos leiteiros. Ele fornece uma mistura única de proteínas, energia e fibras em comparação com outros alimentos. O caroço de algodão pode ser inserido na dieta dos bovinos leiteiros reduzindo custos por ser mais barato em comparação com o farelo de soja. Na prática, o caroço de algodão é ofertado às vacas leiteiras para fornecer fibra, bem como energia e proteína e é usado para substituir uma porção de outras fontes de proteína bruta na dieta. A proteína da semente de algodão integral está localizada principalmente no coração da semente, envolta na casca e junta com os lipídeos, o que retarda sua liberação no rúmen. O caroço de algodão inteiro deve ser limitado a não mais que 0,5% do peso corporal ou 20% da dieta total para bovinos adultos, o que corresponde a cerca de 4% de gordura na ração total.

Isto é baseado em um estudo que observou que esta é a quantidade máxima de gordura que pode ser fornecida sem afetar negativamente a função ruminal em dietas à base de forragem. Quando consumido em excesso, a quantidade de gordura no rumem pode afetar o desempenho animal, podendo também exceder os níveis de gossipol. O gossipol é um composto polifenólico amarelo encontrado principalmente nas glândulas pigmentares do algodoeiro e existe nas formas livre e ligada. Na semente inteira intacta, o gossipol é encontrado principalmente como gossipol livre. No entanto, quando a semente de algodão é processada, o gossipol liga-se a proteínas, possivelmente ao grupo épsilon-amino da lisina. Os efeitos da intoxicação por gossipol são mais proeminentes em ruminantes machos, afetando principalmente a produção e motilidade dos espermatozoides, diminuindo as concentrações de testosterona e danificando o epitélio espermatogênico.

Foi desenvolvido um processo de extrusão que remove de 70% a 75% do óleo do caroço de algodão. O calor gerado neste processo poderia reduzir o conteúdo total e livre de gossipol, o que diminuiria a absorção de gossipol e melhoraria a utilização de proteínas, pelo aumento da passagem de proteína do caroço de algodão pelo rúmen. Uma pesquisa com vacas em lactação foi conduzida para avaliar o valor nutricional para gado leiteiro utilizando semente de algodão herbáceo, semente de algodão Pima quebrado e torta de algodão Pima extrusada, como substitutos do farelo de soja. Foi possível observar que a alimentação com maiores quantidades de óleo de semente de algodão aumentou o teor de gordura do leite e o rendimento. O teor de proteína do leite também foi influenciado pelos tratamentos em estudo.

As concentrações de gossipol total, e ambos os isômeros (+) e (-) do gossipol, foram maiores no plasma sanguíneo em semente de algodão Pima quebrado e menores em torta de algodão Pima extrusada, do que em dietas correspondentes contendo semente de algodão herbáceo, indicando que o processo de extrusão reduziu a absorção de gossipol. Neste ensaio, a produção de leite e componentes do leite em dietas suplementadas com semente de algodão herbáceo, semente de algodão Pima quebrado ou torta de algodão Pima extrusada foi compatível ao das dietas contendo proteína bruta do farelo de soja. Portanto, a utilização do algodão na alimentação de vacas leiteiras pode reduzir custos na produção, sem afetar o rendimento, e qualidade do leite, entretanto, é necessário obter um conhecimento sobre os níveis de inclusão na dieta e de qual forma será fornecida, podendo ser caroço inteiro, quebrado ou o caroço extrusado. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.