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23/Feb/2024

Boi: JBS prevê a listagem em Nova York neste ano

A JBS, uma das gigantes globais de alimentos, espera alcançar dois marcos neste ano. Depois de entregar o pior Ebtida trimestral de sua história há cerca de um ano, a expectativa é de começar a colher melhores resultados de forma gradual a partir do primeiro trimestre deste ano, com o Brasil e a Austrália compensando o ciclo ainda difícil do gado nos Estados Unidos. A melhor performance deve apoiar o segundo passo: o desembarque em Wall Street, após mais de uma década de espera. A listagem das ações da companhia, controlada pela J&F no mercado norte-americano pode ocorrer no primeiro semestre, mas está na dependência do aval da Securities and Exchange Commission (SEC, que regula o mercado de capitais no país). Após a publicação do balanço de 2023, previsto para o próximo mês, a JBS vai atualizar os seus dados financeiros junto ao regulador e aguardar o sinal verde para seguir com o plano, anunciado ao mercado em julho do ano passado. A JBS não vê dificuldades para obter o aval da SEC.

Mas, no mês passado, um grupo de senadores norte-americanos enviou uma carta à SEC em que pedem que a listagem das ações da companhia na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) seja barrada, citando casos de corrupção envolvendo a empresa no Brasil e nos Estados Unidos. Porém, a JBS garante que tem feito muito na área de sustentabilidade no sentido de aumentar a transparência e o nível de visibilidade na cadeia. Prova disso foi a demanda de cerca de US$ 8 bilhões para a emissão de US$ 2,5 bilhões em títulos de dívida (bonds) de 10 anos e 30 anos. A emissão atraiu pesos pesados de Wall Street como Fidelity, MetLife e BlackRock. Recentemente, os empresários e irmãos Joesley Batista e Wesley Batista foram nomeados de volta ao Conselho de Administração da Pilgrim's Pride, controlada pela JBS, que detém 83% das ações com direito a voto da companhia. Os irmãos haviam saído do colegiado em junho de 2017, após a delação premiada envolvendo o ex-presidente Michel Temer.

Os executivos não têm restrições com quaisquer órgãos para assumir posições e o movimento não está correlacionado à listagem das ações nos Estados Unidos. Tem a ver com a Pilgrim's, especificamente, pois foi o próprio Wesley que liderou a aquisição da empresa, no passado. Sobre a possibilidade de os irmãos também voltarem a ocupar vagas no Conselho de Administração da própria JBS, como no passado, a empresa afirma que não tem informações a respeito. Ap´ss o aval da SEC, o processo de listagem de ações na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) precisa ser aprovado em Assembleia de Acionistas, o que deve consumir entre 45 e 60 dias. A JBS deixará o Novo Mercado da B3, segmento de listagem de maior rigor em governança corporativa, e passará a ter recibos brasileiros das ações, os chamados BDRs. Para a empresa, não é impossível fazer todo esse processo no primeiro semestre deste ano, mas a companhia não tem pressa, uma vez que não vislumbra levantar capital nem aquisições e tem foco no longo prazo.

A prioridade é baixar o índice de endividamento e os resultados vão melhorar em 2024. O que tem puxado os resultados da JBS para baixo é a operação nos Estados Unidos, afetada pelo ciclo do gado no país, cujos preços estão em níveis recordes de alta, e que devem continuar em 2024. Mais de 50% da receita da companhia vem do mercado norte-americano. Por outro lado, Austrália e Brasil estão na outra ponta, com os preços do gado em patamares mais baixos. Além disso, a carne bovina mais cara nos Estados Unidos alimenta uma maior demanda por outras proteínas, como frango e suíno. O atual ciclo do negócio bovino nos Estados Unidos é a prova do que a JBS acredita sobre o efeito da diversificação na estabilidade dos resultados. Estar em várias proteínas e em diversos países minimiza os impactos de negócios individuais e os resultados vão ficando mais estáveis. Este é um dos pontos altos da apresentação da companhia durante o Cagny 2024, evento que reúne analistas e investidores de consumo do mundo todo, em Miami (EUA), nesta semana.

A JBS é a primeira empresa brasileira a participar, a convite da organização da conferência, que é realizada há sete décadas. O movimento teve início em Nova York e reúne grandes nomes do setor dos Estados Unidos e do mundo, como Coca-Cola, Pepsico, Hershey's, L'Oréal e Colgate-Pamolive. Segundo a JBS, o objetivo é apresentar a companhia para os analistas, considerando que muitos ainda não a conhecem, a despeito de ser uma das gigantes globais da indústria de alimentos. Por outro lado, tem uma ligação muito importante com o projeto de se listar nos Estados Unidos, para dar maior conhecimento da companhia. A JBS dedicou uma parte da apresentação no evento justamente para abordar os planos de se listar nos Estados Unidos. A analistas, a companhia, destacou o potencial para desbloquear valor por meio de uma base de investidores mais ampla. Além disso, a listagem na Nyse também vai permitir à companhia maior flexibilidade para utilizar o seu capital próprio como fonte de financiamento e expandirá as condições de crescimento da companhia.

Outro destaque da apresentação a analistas e investidores é mostrar a melhora dos resultados à frente, ancorados na estratégia de diversificação dos negócios. A receita líquida anual da JBS deve crescer, passando de US$ 71,3 bilhões no ano passado para US$ 76,3 bilhões em 2024 e US$ 79,7 bilhões em 2025, considerando-se as estimativas que são consenso de mercado. A geração de caixa medida pelo Ebitda vai voltar a se expandir após dois anos de queda. Dos US$ 3,5 bilhões estimados para o ano fechado de 2023, deve avançar para US$ 5 bilhões neste ano e US$ 5,6 bilhões no próximo. Os executivos da JBS também reforçaram a estratégia de crescimento inorgânica na conversa com analistas e investidores. Desde 2007, a companhia realizou mais de 40 aquisições pelo mundo, em um total de US$ 16,8 bilhões investidos. A maioria, 44%, foi nos Estados Unidos, seguido por Brasil, com 22%, Europa e Austrália. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.