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28/Feb/2024

Carnes: BRF divulga resultado do 4º trimestre/2023

A BRF registrou lucro líquido de R$ 754 milhões no quarto trimestre de 2023. O resultado reverte prejuízo de R$ 956 milhões de igual período de 2022. A receita líquida no período somou R$ 14,426 bilhões, queda de 2,3% sobre os R$ 14,769 bilhões do quarto trimestre de 2022. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da BRF no último trimestre do ano passado alcançou R$ 1,903 bilhão, alta de 76,3% sobre o R$ 1,079 bilhão do igual intervalo do ano anterior. A margem Ebitda ajustada da BRF foi de 13,2%, ante 7,3% em igual trimestre de 2022. A companhia encerrou o trimestre com o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) em 2,01 vezes, contra 3,55 vezes em igual período do ano anterior. A dívida líquida caiu 35,1%, de R$ 14,598 bilhões no quarto trimestre de 2022 para R$ 9,415 bilhões no último trimestre de 2023. A BRF comercializou 1,255 milhão de toneladas de produtos de outubro a dezembro do ano passado, um recuo de 0,3% em comparação com o volume de 1,259 milhão de toneladas de um ano antes.

No segmento Brasil, a receita operacional líquida foi de R$ 7,39 bilhões, queda de 4,8% em comparação com igual intervalo do ano passado. Além disso, o preço médio dos produtos caiu 2,7%, para R$ 12,31 por Kg. No segmento internacional, a receita líquida foi de R$ 6,209 bilhões, queda de 0,5% na comparação anual. No mercado internacional, a recuperação do preço da proteína in natura foi responsável pelo retorno da margem Ebitda de duplo dígito (11,1%) neste trimestre. A empresa registrou crescimento da rentabilidade com recuperação relevante dos preços em todas as geografias. Em 2023, a BRF teve receita líquida de R$ 53,615 bilhões, queda de 0,4% ante 2022. No ano, o prejuízo líquido foi de R$ 1,869 bilhão, queda de 36,5% ante prejuízo de R$ 3,091 bilhões em 2022. O Ebitda ajustado somou R$ 4,721 bilhão, alta de 14,8% sobre o ano anterior. No segmento Brasil, a empresa teve recuo de 0,5% na receita líquida ao longo de 2023, para R$ 26,859 bilhões, com alta de 6,7% da margem Ebitda ajustada, para 11,4%. Em relação ao segmento internacional, a BRF teve alta de 0,2% na receita líquida, para R$ 24,433 bilhões.

A margem Ebitda ajustada recuou 5,2% para 4,4%. Segundo a BRF, a queda dos custos de grãos e a melhoria do desempenho da companhia fora do Brasil foram fatores-chave para o resultado financeiro no quarto trimestre de 2023. Houve um ajuste em aspectos de custo e produtividade industrial de rendimento. A BRF aumentou os rendimentos de vários produtos em diferentes geografias e capitalizou, principalmente no segundo semestre, uma diminuição do custo de grãos e, conforme nós previa, uma melhora dos mercados internacionais. Destaque para a conquista de 66 novas habilitações de plantas da BRF para exportação ao longo de 2023, quando seu lucro fiscal ficou em R$ 218,8 milhões. O modelo de inteligência preditiva da BRF também foi um fator importante para fazer, no tempo correto, a originação de grãos em momentos de queda de preços, resultando em importante retração dos custos no segundo semestre. A BRF também destacou o trabalho do seu programa de eficiência, com maior integração entre planejamento de produção e vendas, assim como a atuação para reduzir estoques. A empresa afirma que foram capturados R$ 525 milhões no quarto trimestre e um total de R$ 2,2 bilhões em todo o ano de 2023.

As perspectivas são positivas para a safra de grãos de 2023/2024, apesar da queda na produção no Brasil este ano. Assim, uma eventual alta dos custos não é uma preocupação neste ano para a indústria de alimentos. No fim do ano passado, havia várias avaliações sobre a disponibilidade de grãos com um viés talvez muito catastrófico. Mas, a safra de verão (1ª safra 2023/2024) é boa, com a perspectiva de 2ª safra de 2024 também razoável. Será menor do que a do ano passado, mas uma boa safra. Uma safra menor de grãos no Brasil será compensada pelos países vizinhos, como Argentina e Paraguai. A BRF também monitora a safra do segundo semestre nos Estados Unidos e tem encontrado sinalizações de clima razoável para o desenvolvimento das lavouras. O "modelo preditivo" para a compra de grãos adotado pela BRF tem conseguido obter vantagens nas aquisições. Quando o preço chegou no piso, a BRF conseguiu comprar de forma expressiva e importante. Quando as previsões, muitas delas equivocadas, levaram o mercado a ter uma tendência de alta, a empresa se retirou das compras. E quando o ambiente de previsão versus realidade se ajustou, a BRF voltou a comprar.

Para a companhia, os preços da proteína animal estão sustentados no mercado internacional, o que pode contribuir para o aumento da lucratividade em 2024. Fora do País, a BRF reportou queda de 6,1% no preço médio no quarto trimestre de 2023 na comparação com igual período de 2022, para R$ 11,33 por Kg. Há uma maior equalização de oferta e demanda nos mercados internacionais, o que está fazendo com que o preço se sustente. A empresa obteve 66 habilitações de plantas aptas a exportar carnes ao longo do ano passado, o que foi um fator importante para a empresa. Com mais habilitações, é possível fazer uma alocação dos produtos nas regiões que trazem mais margem para a companhia. A perspectiva é de estabilidade de preços no Brasil, impulsionada pela contínua demanda, e não deve ocorrer excesso de oferta, tanto no País como globalmente. Há um equilíbrio que é mais provocado pela forte demanda pela carne de frango do que pela oferta. Também não há dados globais que indiquem aumento da oferta.

A BRF avaliou que a redução de custos foi fator decisivo para o desempenho da empresa no quarto trimestre de 2023. A companhia trabalha com a perspectiva de manutenção desse cenário em 2024. No quarto trimestre, a BRF atingiu o menor patamar de custo por quilo. Isso tem relação com a queda do preço da ração e com o plano de eficiência, que também envolve alavancagem operacional. O resultado financeiro da BRF trouxe um custo por produto vendido (CPV) de R$ 8,90 por Kg no mercado brasileiro, um recuo de 5,2% ante o quarto trimestre de 2022. A queda foi maior no mercado internacional, de 8%, para um CPV de R$ 9,12 por Kg. A companhia citou o menor custo com grãos e as iniciativas do seu programa de eficiência como razões para o desempenho no Brasil, assim como giro de estoques no mercado internacional. A companhia tem observado um cenário positivo no começo de 2024 envolvendo os custos.

Na transição para 2024, os preços estão saudáveis e os custos competitivos, com estabilidade em relação ao quarto trimestre/2023. Apesar da redução da alavancagem de 3,55 vezes do quarto trimestre de 2022 para 2,01 vezes no quarto trimestre de 2023, a BRF diz não trabalhar com a perspectiva de realizar grandes investimentos ao longo de 2024. A atuação será centrada no crescimento orgânico. O foco é em fazer a companhia crescer, diluindo custos com infraestrutura. A BRF apontou a possibilidade de aumentar volumes de produção com a otimização da estrutura da companhia. A empresa pode crescer volumes, enchendo linhas de produção que não estão a pleno. A BRF também citou planos de crescimento da companhia em produtos processados nos próximos anos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.