01/Mar/2024

Segundo a Vallya Agro, a geopolítica mudou bastante nos últimos anos e, com os atuais conflitos que provocam rupturas no fluxo global das mercadorias, a China deve ter achado por bem, nesta semana, suspender uma medida antidumping aplicada sobre a carne de frango brasileira desde 2019. Com a mudança da realidade do comércio no mundo, a China entendeu ser essencial assegurar o maior número de fornecedores possível, de forma a garantir fluxo estável de mercadorias ao longo do tempo. Na terça-feira (27/02), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) informaram, em nota conjunta, que a China suspendeu a medida antidumping aplicada sobre a carne de frango brasileira. O governo brasileiro foi informado que o governo chinês decidiu não renovar a medida, vigente desde 2019.

Ela deixou de ser aplicada em 17 de fevereiro e correspondia a uma sobretaxa sobre o valor do produto importado, variando de 17,8% a 34,2% conforme a empresa exportadora. Ficou claro que "não valia a pena" investigar o Brasil novamente por dumping, até porque não há dumping e seria um gasto desnecessário; as partes interessadas entenderam isso. Outro fator que pode ter pesado na decisão chinesa é que o Brasil exporta para lá prioritariamente os cortes pé de frango e meio da asa, que são complementares à demanda da China. Os produtores chineses conseguem suprir boa parte do seu próprio mercado, mas o país precisa continuar importando esses cortes em particular, e o Brasil consegue atender. Esses cortes não representam uma concorrência direta com a produção dos avicultores chineses. Também a gripe aviária pesou na decisão.

O fato de a doença estar se espalhando em vários países e de o Brasil ainda manter seus plantéis comerciais livres do vírus, pois, por enquanto, apenas aves silvestres e criações de subsistência foram contaminadas no País, representa uma segurança para a China, que adota a estratégia de manter uma rede maior de fornecedores de confiança, garantindo maior estabilidade nas entregas. Outro ponto caro ao governo chinês: os 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China. Renovar a medida antidumping seria uma notícia ruim em um ano que deve ser de celebrações. Este ano é marcado pela comemoração de uma relação bastante amistosa de dois países grandes e importantes e que querem continuar mantendo essa relação cordial. Assim, a retirada da medida antidumping ocorreu num momento oportuno. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.