21/Ago/2019
O preço médio pago ao produtor encerrou o mês de julho em queda. A “Média Brasil” líquida (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) de julho fechou a R$ 1,4064 por litro, recuo de 8,1% (ou R$ 0,12 por litro) em relação ao mês anterior, em termos reais (deflação pelo IPCA de julho/2019). A perspectiva de agentes para agosto é de redução média de 4%. A queda nos preços deve ser desigual entre as regiões, em função do volume de leite disponível e da competição dos laticínios, bem como de suas estratégias de captação. A pressão nas cotações vem das fracas negociações dos lácteos nos últimos meses, que resultaram em margens espremidas para as indústrias.
Enquanto o preço do leite no campo acumulou consecutivas altas até junho por conta da oferta limitada e da grande concorrência entre laticínios, o repasse dessa valorização para os derivados foi dificultado devido à estagnação econômica. Com o consumo enfraquecido e a competição acirrada entre laticínios também para garantir a venda de lácteos, os preços dos derivados não acompanharam a alta do campo nesse primeiro semestre. Até o momento, o comportamento do mercado lácteo está bastante semelhante ao de 2017, com preços elevados no primeiro semestre, devido à oferta reduzida de matéria-prima, e queda brusca na segunda metade do ano, após a recuperação do volume de leite (safra da Região Sul). Contudo, a diferença entre esses anos parece estar centrada no fôlego da recuperação da produção.
A saída de produtores da atividade nos últimos anos e a grande insegurança em realizar investimentos de longo prazo frente às incertezas no curto prazo devem prejudicar a captação em 2019. Além disso, a safra da Região Sul foi menor neste ano porque as forrageiras de inverno não apresentaram bom desenvolvimento em decorrência do clima desfavorável. Assim, a oferta continuou limitada em agosto. Para assegurar matéria-prima, diminuir ociosidade não planejada (que se traduz em custos) e manter seus shares de mercado, as indústrias continuam atuando com concorrência acirrada, o que deve impulsionar a cotação no mercado spot também na segunda quinzena de agosto. Esse cenário pode atenuar o movimento de queda em setembro ou até mesmo gerar condições de estabilidade. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.