04/Jun/2024
O desastre climático no Rio Grande do Sul influenciou diretamente o mercado pecuário do Estado e levou a cotação do boi gordo a ter um comportamento oposto ao da maior parte das regiões do Brasil em maio. No mês recém-encerrado, o preço subiu entre 4% e 9% no Rio Grande do Sul, enquanto caiu de 3% a 4% nas principais regiões do País. A cotação subiu de R$ 8,05 por Kg para R$ 8,75 por Kg em maio no oeste do Rio Grande do Sul, uma alta de 8,69%. Em Pelotas, a valorização foi de 4,29%, com o preço indo de R$ 8,15 por Kg para R$ 8,50 por Kg. Em contraste, o preço do boi gordo caiu R$ 10,00 por arroba em São Paulo, de R$ 232,00 por arroba para R$ 222,00 por arroba, um recuo mensal de 4,21%. A queda do Indicador do Boi Gordo Cepea/B3 foi de 3,57% no período, de R$ 229,35 por arroba em abril para R$ 221,15 por arroba no fim de maio. O Indicador da Datagro em São Paulo iniciou o mês de maio em R$ 234,22 por arroba e caiu 6,54%, para R$ 218,89 por arroba.
As cotações do boi gordo estão acima da média para o período no Rio Grande do Sul. O mercado pecuário do Estado opera em ritmo lento devido à oferta restrita de boiadas. Além disso, os abates estão reduzidos, já que o poder aquisitivo da população está baixo e a oferta de carne na região é alta, principalmente proveniente de outros Estados. As inundações desencadearam uma série de problemas, com efeito direto na oferta e comercialização de boi gordo. As condições do rebanho são extremas devido às enchentes, que causaram grande número de mortes por afogamento e alagamento em áreas baixas. A falta significativa de pastagem afeta o estado nutricional dos bovinos, que, em algumas regiões, estão sendo transferidos para outros campos. Muitos produtores têm permitido o acesso às lavouras de soja não colhidas e às restevas, segundo informou a Associação Rio-Grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar) em relatório.
A consultoria Cogo relatou erosão do solo e arraste de sementes de forrageiras devido às enxurradas. Além disso, o excesso de chuvas inviabilizou o pastejo ao danificar plantas e compactar o solo. "Em algumas regiões do Estado, as enchentes causaram danos irreparáveis às áreas destinadas à pecuária. Os rebanhos estão sofrendo estresse em razão da umidade e da queda nas temperaturas, além da escassez prolongada de forragem", afirmou a consultoria. O encharcamento das áreas de pastagens e a necessidade de realocação dos animais para áreas mais altas em algumas propriedades também dificultam o manejo. A comercialização dos animais e o acesso a insumos são afetados por restrições logísticas, pelas condições das estradas, e por questões sanitárias. "Há obstáculos na comercialização em relação à emissão de notas fiscais e ao bloqueio de estradas, reduzindo as transações", informou a Cogo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.