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04/Jul/2024

Carnes mais consumidos pela população brasileira

O governo federal discute a inclusão das carnes entre os itens de cesta básica que serão desonerados na reforma tributária. Na terça-feira (02/07), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que a “carne chique pode pagar um impostozinho”, enquanto “a carne que o povo consome” não precisa ter imposto. Mas, afinal, quais são as carnes mais consumidas no Brasil? Mais da metade da população do País faz parte das classes D e E, com salários que não superam R$ 3,5 mil. São a essas categorias que Lula se refere quando cita o povo brasileiro. E por ter menor poder de compra, as proteínas mais buscadas por essa parcela da população são, em sua maioria, o frango e os cortes dianteiros da carne bovina. A carne de frango é a mais consumida no Brasil, com consumo per capita estimado em 46 quilos por ano, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O consumo de carne bovina está em torno de 35 quilos per capita, e o da carne suína, em 21 quilos per capita.

No caso do boi gordo, tudo é aproveitado e a demanda pela carcaça inteira se equilibra de acordo com os preços. A carcaça bovina é composta por um volume maior de ‘carne de segunda’, então o maior volume consumido pelos brasileiros é, naturalmente a carne de segunda linha (ou de dianteiro + ponta de agulha), que são mais baratos que os cortes nobres do traseiro. Conforme vai passando o período de recebimento de salários no mês, aumenta o consumo de cortes bovinos dianteiros. Na carne de frango, apesar de ser a proteína considerada mais barata e altamente demandada pela população, também há distinção entre os cortes, onde a asa é mais procurada pela população de menor poder aquisitivo e o peito é considerado mais nobre. A dinâmica é a mesma: filé mignon suíno (nobre) contra costelinha (acessível), por exemplo, são os cortes de carne suína mais consumidos pela população, a depender da renda. É notável a diferença de preços entre as carnes procuradas pelos brasileiros e isso ajuda a orientar a demanda, de acordo com a classe social.

Na última semana, o frango resfriado custava em média R$ 6,10 por Kg no atacado de São Paulo. A carcaça suína comercializada no atacado estava em R$ 10,60 por Kg. No segmento de carne bovina, uma das mais baratas era o corte dianteiro acém, no valor de R$ 18,94 por Kg no atacado de São Paulo. Em contrapartida, a picanha A e o filé mignon sem cordão superavam R$ 50,00 por Kg. A carne bovina está menos competitiva em relação às carnes de frango e suína, dado o aumento dos preços das carcaças de boi castrado e novilha, em contraste com a queda nos preços do frango e da carne suína. O presidente Lula defendeu que haja uma separação entre os cortes incluídos na desoneração da cesta básica. Pela proposta oficial do próprio governo, as proteínas animais estariam na chamada cesta básica estendida, com alíquota de 40% da padrão. Porém, o presidente afirmou ser favorável à inclusão da carne na cesta básica na reforma tributária.

Segundo Lula, “tem vários tipos de carne. A carne chique pode pagar um impostozinho. O frango, o músculo, o acém, o coxão mole, tudo isso pode ser evitado de pagar tributo. Eu acho que a gente precisa colocar a carne na cesta básica, sim, sem pagar imposto”, disse o presidente. Na avaliação da Agrifatto, taxar os cortes mais nobres (ou caros) vai distanciar ainda mais a população média desse produto. Essa pode ser considerada uma forma de reforçar a desigualdade. Quem tem dinheiro não vai ficar limitado. A cobrança de qualquer imposto encarece o produto e certamente levará o consumidor a deslocar a demanda para carnes que sejam mais baratas, como dos cortes bovinos para o frango e suínos, elitizando o consumo das carnes “chiques”. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) segue defendendo a inclusão das proteínas animais entre os itens da cesta básica desonerada e já há concordância do grupo de trabalho da Câmara Federal sobre o tema. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.