05/Aug/2024
O fim da obrigatoriedade de imunização do rebanho de ruminantes contra a febre aftosa em todos os Estados brasileiros, anunciado em maio pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, teve efeitos negativos nas receitas das indústrias de saúde animal. Para complicar, houve uma despreocupação, aparentemente momentânea, com questões sanitárias por uma parcela dos pecuaristas. A redução dos cuidados sanitários por alguns produtores após o anúncio do fim da vacinação e a queda da rentabilidade ampliaram o impacto sobre a indústria. O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan) achava que o produtor estava mais consciente, mas observou-se uma queda grande na venda de outros produtos. Apesar disso, a expectativa da indústria ainda é de aumento do faturamento em 2024, puxado justamente pela recuperação do setor bovino, embora a venda das vacinas contra febre aftosa gerasse aproximadamente R$ 350 milhões anuais, representando apenas 3,24% da receita total da indústria de saúde animal, que alcançou R$ 10,799 bilhões no ano passado, e 6,8% da receita proveniente da pecuária.
Mas, o otimismo baseia-se na expectativa de mudança no ciclo pecuário, com melhor remuneração aos pecuaristas e a recuperação dos preços, especialmente na exportação do “boi China”, já observada em julho. Na região de São Paulo, por exemplo, o valor passou de R$ 225,00 por arroba para R$ 230,00 por arroba no mês passado. A recuperação da atividade pecuária no País é fundamental para o setor de saúde animal, que representou 49% do faturamento da indústria no ano passado. De 2013 a 2022, essa participação variou entre 51% e 56%. Quando o mercado bovino reage, a saúde animal acompanha. Embora ainda não haja dados oficiais sobre o desempenho do primeiro semestre, estima-se crescimento de 3%, mesmo em meio aos desafios. Houve uma tempestade perfeita sobre a pecuária, com a queda no preço do boi gordo e o fim da vacinação. O Sindan acredita, porém, que haverá normalização na venda de outras soluções para os produtores, em virtude da conscientização sobre a necessidade de realização do manejo sanitário adequado, para controlar as enfermidades entre os ruminantes.
A maioria dos produtores vai entender. A valorização da terra e o equilíbrio entre a agricultura e a pecuária ajudam a ampliar a conscientização. Com perspectivas otimistas para o segundo semestre, a indústria de saúde animal pode expandir entre 5% e 7% em 2024, o que levaria o faturamento a até R$ 11,6 bilhões. Na Biogénesis Bagó, uma das referências no setor, a vacina contra a febre aftosa representava cerca de 10% de seu faturamento no Brasil. A empresa tem buscado diversificar suas opções, investindo recentemente na construção de uma fábrica no Paraná com foco na produção de vacinas para animais de companhia. O investimento está alinhado com o crescimento da participação de cães e gatos na receita do setor, que passou de 15% em 2013 para 26% no ano passado. A empresa está confiante que vai continuar crescendo, por isso, investiu em outras linhas de produtos e tecnologias para continuar atendendo às necessidades do mercado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.