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05/Aug/2024

Leite: resiliência da produção na Região Nordeste

Na Região Nordeste do Brasil, o maior desafio é a seca, que sempre estará presente, e está de certa forma, já enraizada no planejamento do produtor de leite da região. A tamanha dificuldade gerada por ela em relação a produção de volumosos, está quase que precificada nos custos dos sistemas de produção de leite. Mas, é preciso entender a diversidade de situações. Atualmente, a produção de leite do Nordeste se enraizou em regiões que podemos chamar em alguns estados de Agreste e outros estados de Sertão. Regiões essas que possuem uma característica bem clara: índices pluviométricos entre 500 e 800 mm. Algumas regiões possuem como característica, a concentração da estação chuvosa durante 3 a 4 meses do ano, ou seja, aproximadamente 8 meses de seca, gerando maior dificuldade para o sistema de produção de leite sem um planejamento bem-feito.

Sabendo da concentração dos períodos de chuvas, um fator muito importante para a produção é o planejamento da produção de volumoso, já que a logística para isso terá que caber dentro da realidade de chuvas da nossa região. No Cear, as bacias leiteiras crescem dois dígitos ao ano e há predominância da produção de silagens, uma técnica milenar que ao longo das últimas décadas vem sendo bastante utilizada na região. A planta mais utilizada para a conservação de volumoso é de fato o sorgo, mas o milho também possui certa relevância e menor grau, o milheto. Em algumas regiões do Ceará e do Piauí, áreas de pasto irrigado também se mostram sólidas, ganhando destaque em regiões em que a irrigação é possível. Capins do gênero Panicum (Mombaça, Tanzânia e Massai) se destacam dentre outros e se apoiam no principal fator positivo da nossa região que são os altos índices de luminosidade, fato que ocorre devido à latitude e a proximidade com a Linha do Equador.

Nessas condições, índices de produtividade de 50 Kg a 60 Kg ou até 70 Kg a 80 Kg de matéria seca ano são plenamente possíveis. Nos estados de Pernambuco e Alagoas, com seus Agrestes, a cultura que se alicerçou foi a palma, caracterizada por muitos como volumoso. Porém, diferente da maioria das espécies destinadas para a produção de volumosos que fazem parte da família das gramíneas, a palma faz parte da família Cactaceae. Nessa região, é possível encontrar produtividades confortáveis de 300 toneladas de matéria natural, mas existem relatos bem consolidados de até 800 toneladas, possibilitando ter um alimento que possui em sua composição de 80% a 90% de água, fator limitante da região, além da pectina, carboidrato de alta digestibilidade para formulação em dietas. Em Sergipe, cresce a produção de milho tanto para grão como para silagens. No Estado, surgem várias instalações de Compost Barn, tornando ainda mais clara a definição do Estado como agregador de tecnologia e pujante em crescimento da produção leiteira.

Na Bahia, há regiões em que o pasto se desenvolveu muito bem, inclusive o Estado conta com alguns produtores no Top 100 2024, com sistema a base de pastagens. Há também regiões do sertão baiano que focaram muito na produção baseadas em palma, como Capim Grosso, Ribeira do Pombal e Senhor do Bonfim. Assim como outras regiões no sul do Estado que margeiam o Rio São Francisco, focaram na produção de silagens, como as regiões de Guanambi até Malhada, mostrando a força desse Estado muito produtivo. Quando se fala da Região Nordeste, a lição principal é que a seca existe sim, porém tem apresentado um crescimento significativo nas últimas décadas, destacando-se como um exemplo. A Região Nordeste vem ensinando uma lição importantíssima ao Brasil: a resiliência. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.