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21/Aug/2024

Startup BuzzFly faz proteína usando larva de mosca

Uma larva comendo uma carcaça de um animal morto pode inspirar ojeriza em muita gente, mas nos empresários Olavo Setúbal Jr, Marcos Molina, André Lara Resende, Alain Belda e Antonio Maciel Neto, inspira a visão de uma oportunidade de negócios. Eles acabam de realizar seu segundo aporte na startup de biotecnologia BuzzFly, para a ampliação da produção de proteína da larva da mosca BSF, que pode alimentar desde pets até humanos. Desde 2021 até o início deste ano, eles vinham colocando recursos na startup fundada por Yuri Macêdo, Leonardo Massi e Leonardo Borges. O montante, que somou R$ 3 milhões até então, vinha apoiando a pesquisa e desenvolvimento da fábrica da BuzzFly em Piracicaba (SP). Agora, o grupo de empresários aportou R$ 4 milhões de uma vez, o que permitirá a construção de uma nova planta em Guarulhos (SP).

Tal como na unidade de Piracicaba, a nova planta terá um criadouro da mosca soldado-negro, mais conhecida como BSF, da sigla em inglês Black Soldier Fly. O inseto, que se parece com uma vespa, alimenta-se de todo tipo de resíduo, e não só de carcaças de animais, mas também de resíduos urbanos e agroindustriais. No processo produtivo da BuzzFly, a larva da BSF passa sete dias no “berçário” e mais sete na fase de “engorda”, as fases distinguem-se pelo tipo de resíduo dado, para depois ser “abatida”. Quando morta, ela é desidratada, em um processo que separa o óleo da proteína da larva. No abate, extrai-se 30% de óleo e 45% de proteína. De todas as larvas criadas, 5% são reservadas para a recria. O óleo da larva da BSF é um produto com registro no Ministério da Agricultura e pode ser vendido como realçador de sabor para a indústria de ração animal.

Já a farinha da larva, já processada, chega a ter 60% de proteína e tem muita digestibilidade e palatabilidade. Os produtos da unidade de Piracicaba atendem a indústria pet, fabricantes de ração para aves e para peixes ornamentais. Os mesmos clientes devem ser atendidos pela fábrica de Guarulhos. A demanda tem sido maior do que a oferta. Agora, a empresa vai aumentar a capacidade para conseguir entregar mais produtos aos clientes e não deve mexer no mix de clientes nos próximos dois anos. Mas, quer oferecer novas opções para seus clientes atuais. Neste segundo semestre, estão previstos alguns lançamentos para a indústria pet usando farinha de BSF. Também há mercado potencial nas criações de camarão, alevinos de tilápia, suínos, e para outros animais de corte para melhoria de desempenho.

A proteína da mosca poderia atender até a alimentação humana com grandes vantagens ambientais. Para a produção de 1 quilo de proteína, a criação de gado bovino ocupa uma área oito vezes maior que a criação da BSF, demanda 22 vezes mais água e emite 2.800 vezes mais CO2. Porém, há uma “barreira cultural” no Ocidente para esse tipo de produto. A planta de Guarulhos que será erguida com os recursos recém-captados terá 2 mil metros quadrados e poderá ser ampliada em quatro vezes. Para isso, a BuzzFly espera captar até R$ 16 milhões. Na estrutura inicial, a nova unidade terá capacidade de produzir até 6 mil quilos de proteína por mês, o dobro da capacidade da planta de Piracicaba. Quando a nova fábrica for ampliada ao limite, a produção pode chegar a 50 mil quilos por mês.

A alimentação das moscas será fornecida por uma empresa gerenciadora de resíduos da região, que os recolhe de supermercados, pastifícios, indústrias de alimentação humana e animal, entre outras empresas. A composição dos resíduos que alimentam as moscas não pode mudar muito, já que isso interfere no teor de proteína obtida na dessecação da BSF. O objetivo é fazer um negócio com muita qualidade e constância, para que os clientes façam produtos que tenham giro. Depois que as larvas se alimentarem dos resíduos, os “restos” dessa alimentação passarão por um processamento e se tornarão adubo orgânico, que será vendido para produtores de orgânicos, principalmente de hortifrútis. Dentro de casa, a BuzzFly investe em melhoramento genético das moscas. Tem características que a empresa quer priorizar, como a que as matrizes coloquem mais ovos, ou que as larvas engordem mais. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.