14/Oct/2024
Segundo levantamento da Ponta Agro, a seca prolongada neste ano e o aumento de incêndios resultaram em crescimento significativo na entrada de bovinos em confinamento. O aumento dos focos de queimadas coincidiu com um avanço expressivo no número de bois confinados, na comparação entre 2023 e 2024. Em agosto e setembro, o crescimento foi de 32% e 42%, respectivamente, em comparação com aumentos de 9% em junho e 15% em julho. Embora os incêndios e a seca não sejam os únicos fatores que impulsionam o confinamento na pecuária, eles fortaleceram uma tendência que já estava em curso, por causa do menor custo de alimentação, e da perspectiva de alta no preço da arroba, que tem se confirmado. A maior adesão ao confinamento está, portanto, relacionada aos desafios impostos pela seca e pelos incêndios, que retardam a recuperação das pastagens. Haverá mais bovinos no cocho para sustentar a mesma produção de arrobas que tínhamos antes das queimadas e da seca intensa.
Principal produtor agropecuário do Brasil, Mato Grosso foi o Estado mais prejudicado pelos incêndios e queimadas em agosto, com mais de 14,6 mil focos registrados, o que representou 21,3% dos 68,6 mil pontos de fogo identificados em todo o País no período, segundo o sistema BD Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A escassez de pasto pode não só levar os confinamentos a operarem no limite, como também a mantê-los cheios por mais tempo, em virtude da lenta recuperação das pastagens. Normalmente, o confinamento diminui na época das chuvas, mas desta vez, pode ser que continue em alta por mais tempo, pois não haverá pasto disponível. Contudo, confinar também se tornou mais caro para os pecuaristas. A demanda por confinamento está alta, mas os confinamentos têm capacidade estática limitada, e a estrutura física não se expande rapidamente.
Com isso, as negociações ficam mais difíceis, e os confinadores estão aproveitando para maximizar seus lucros, após dois anos com margens apertadas. Diante dessa limitação, observa-se um aumento na adoção da Terminação Intensiva a Pasto (TIP) pelos produtores, especialmente em Mato Grosso. Um dos motivos para essa mudança é a maior disponibilidade de subprodutos, como o DDG, para a alimentação dos bovinos. Outra preocupação relacionada ao clima é o acesso à alimentação para a engorda dos bovinos. O índice de custo alimentar da Ponta Agro registrou queda de 9,81% na Região Centro-Oeste e de 15,21% na Região Sudeste no período entre março e agosto, mas a escassez hídrica pode reverter esse cenário. A agricultura também está sofrendo com a seca, o que pode gerar uma disputa pelos grãos. Contratos já foram rompidos no passado, e essa tensão pode surgir novamente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.