22/Oct/2024
A escalada das cotações do suíno no Brasil, iniciada em junho atingiu o platô em setembro e vai se mantendo em patamar muito similar em outubro. Já o boi gordo, em setembro, experimentou um crescimento bastante significativo nos preços, intensificado neste mês, a R$ 300,00 por arroba em São Paulo. Esta estabilidade do preço do suíno, aliada ao aumento do boi gordo, está determinando uma maior competitividade da carne suína, com as cotações das duas proteínas novamente se descolando, o que pode abrir espaço para novo ciclo de alta do suíno, justamente quando se aproximam os festejos de final de ano, época de maior demanda para esta proteína. Um dos fatores de sustentação do preço do suíno continua sendo a exportação. Pelo terceiro mês consecutivo, os embarques de carne suína in natura ultrapassaram a marca de 100 mil toneladas e, no somatório de janeiro a setembro de 2024, os volumes superam em 5,4% o mesmo período do ano passado.
Analisando os destinos da carne suína in natura, no acumulado do ano, a China continua sendo o maior comprador, porém, desde julho, as Filipinas se tornaram o principal destino no mês, sendo que em setembro o mercado filipino representou quase 24% dos embarques, contra 14% da China. Com média diária embarcada de 4,5 mil toneladas (por dia útil) até o dia 11 de outubro, segundo dados preliminares da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), tudo indica que o mês de outubro fechará novamente com mais de 100 mil toneladas, encaminhando para encerrar 2024 com mais um recorde histórico de exportação e, quem sabe, assumir a terceira colocação no ranking mundial deste quesito, ultrapassando o Canadá. A Região Centro-Oeste do País passou por uma estiagem mais prolongada que o normal este ano. Muitas localidades estão com o plantio da safra de verão (1ª safra 2024/2025) de milho bastante atrasado.
Ainda assim, tanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), quanto alguns analistas privados afirmam que é cedo para estimar um comprometimento significativo tanto da safra de verão (1ª safra 2024/2025) quanto da 2ª safra de 2025. A Conab publicou o primeiro levantamento de safra 2024/2025, no dia 15 de outubro e trouxe uma expectativa de aumento de quase 3 milhões de toneladas na produção total de milho em relação à safra 2023/2024. A grande preocupação é o fato de que ano a ano tem reduzido a produção de milho na safra de verão (1ª safra), concentrada principalmente nos Estados da Região Sul. Para este ano, a Conab estima pouco mais de 22 milhões de toneladas de milho na safra de verão (1ª safra 2024/2025), menos de 20% do total. Isto determina um hiato de oferta do cereal entre a 1ª safra e a 2ª safra, que é plantada na metade final do período chuvoso. Com o atraso do plantio da safra de verão (1ª safra 2024/2025), a janela ideal de plantio da 2ª safra de 2025 fica reduzida, aumentando o risco de quebra.
O plantio do milho safra de verão (1ª safra 2024/2025) mantém bom ritmo. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os valores estão acima da média e do ano anterior; no Paraná o avanço da semeadura está alinhado com a média dos últimos anos, embora um pouco abaixo de 2023. Em Mato Grosso, o plantio está semelhante a safra 2020/2021, que foi uma safra problemática no Estado. Na média, Mato Grosso planta 60% de sua área até final do mês ou início de novembro. Esse é um bom indicador a ser acompanhado. Não é possível cravar que a 2ª safra de milho de 2025 fique fora do calendário normal de plantio. Diante da incerteza climática, o milho apresentou alta de preço significativa no mercado interno, indicando que seguirá pressionado até a colheita da 2ª safra de 2025. A continuidade da colheita nos Estados Unidos, que já ultrapassou 50% da área, e a perspectiva de melhores chuvas na América do Sul devem favorecer a queda dos preços na Bolsa de Chicago.
No Brasil, o monitoramento das chuvas efetivas ganha importância. É preciso que o plantio da soja avance para que o milho 2ª safra de 2025 não seja afetado. Como consequência óbvia desta alta do milho, também o custo de produção de suínos subiu em todo o Brasil nos últimos meses, mas as margens continuam relativamente boas, pois a relação de troca do suíno com os principais insumos ainda é uma das mais altas dos últimos tempos. Com o mercado de venda de suínos relativamente ajustado e preços estáveis, as atenções se voltam para o clima e o plantio da safra brasileira. Apesar do atraso das chuvas, as safras de soja e milho devem transcorrer com certa normalidade. Porém, o risco da 2ª safra de 2025, de onde deve vir mais de 80% da produção estimada de milho do período 2024/2025, aumenta à medida que algumas regiões atrasam o plantio da safra de verão (1ª safra 2024/2025), especialmente nos Estados da Região Centro-Oeste. Fonte: ABCS. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.