19/Mar/2025
O Santander avalia que o aumento da produção de carne de frango pela Arábia Saudita pode representar desafios para as exportações brasileiras, especialmente de empresas como JBS e BRF, que têm forte presença no mercado saudita. O país árabe adotou o plano Visão 2030, com a ideia de suprir 90% da demanda interna com produção própria até 2030, ante os atuais 70%. As exportações brasileiras de carne de frango para outros destinos podem gerar um excedente no mercado global, pressionando preços. Atualmente, a Arábia Saudita responde por cerca de 10% das exportações brasileiras do setor. O país tem investido bilhões de dólares em incentivos à indústria avícola, incluindo subsídios diretos à produção, linhas de crédito e modernização de infraestrutura.
O mercado saudita de frango é concentrado em quatro grandes empresas, com a Al Watania liderando com 25% de participação, seguida por Almarai (12%), Tanmiah e Addoha. Recentemente, a BRF adquiriu participação na Addoha, enquanto a Tyson investiu na Tanmiah. JBS, MHP, Almarai e Tanmiah estão na disputa pela aquisição da Al Watania, que pode movimentar cerca de US$ 500 milhões. Apesar dos incentivos do governo saudita, a produção local enfrenta desafios como custos elevados e riscos sanitários.
A produção de frango no país tem um custo entre US$ 1,60 e US$ 1,87 por quilo, cerca de 80% maior que no Brasil, devido à necessidade de importação de ração e altos gastos com climatização das granjas no deserto. Além disso, a concentração da produção eleva os riscos sanitários, uma vez que a região do Oriente Médio já registrou surtos de gripe aviária no passado. Ainda assim, a mudança no modelo de produção saudita cria um cenário de oportunidades e desafios para o Brasil. Empresas como JBS e BRF podem buscar novos mercados para compensar uma eventual queda nas exportações para a Arábia Saudita, enquanto os produtores de milho precisam avaliar os impactos da menor demanda saudita. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.